domingo, 15 de março de 2020

O Ponto de Mutação e o Método Cartesiano


O Ponto de Mutação (1990) é um filme baseado no livro de Fritjof Capra de mesmo nome, publicado em 1982. A obra visual traz uma importante reflexão sobre o pensamento cientifico moderno, e a necessidade de adaptar o modelo cartesiano para as atuais necessidades e problemas do século XXI.
Atualmente o padrão vigente no conhecimento é o cartesiano, que divide as ciências e pesquisas em áreas especificas, buscando um estudo centrado como maneira de se aprofundar as descobertas nesses estudos. Por mais que ao longo dos últimos séculos, esse tipo de divisão tenha sido de grande auxilio para o progresso tecnológico, foi a partir dele que foram gerados muitos dos problemas que enfrentamos nos dias de hoje.
A visão mecanicista da natureza, deturpou nossa relação com o meio ambiente, e a adoção do método cartesiano, apesar de auxiliar na formação de profissionais extremamente qualificados em áreas especificas, nos trouxe uma ausência na pluralidade de ideias e capacidade intelectual que pensadores anteriores a Descartes possuíam (Leonardo da Vinci, por exemplo, era pintor, escultor, engenheiro, anatomista, botânico e matemático). A densa cadeia de conhecimentos foi possível graças a interdisciplinaridade, ou seja, a junção e trabalho conjunto de todas as ciências, que atualmente vem sendo discutida como uma alternativa ao já estabelecido sistema de ensino.
Se avaliarmos, a interdisciplinaridade é um caminho muito provável para trazer a mudança necessária para nossa atual realidade. Reconhecer a conexão entre as diversas especializações da ciência, é o primeiro passo para o adquirirmos uma mudança de perspectiva e dessa forma, a superação do pensamento cartesiano. A adoção de novas percepções de mundo são essenciais caso queiramos modificar a atual situação em que nos encontramos e combater as diversas mazelas que vem atormentando nossa comunidade.

Já se passaram vários anos desde que me dei conta de que havia aceitado, mesmo desde a minha juventude, muitas opiniões falsas como verdadeiras, e que, consequentemente, o que depois baseei em tais princípios era altamente duvidoso; e desde aquela época eu estava convencido da necessidade de me comprometer uma vez em minha vida de me livrar de todas as opiniões que eu havia adotado, e de começar outra vez o trabalho de construir desde a fundação...”
René Descartes, Meditation I, 1641

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