domingo, 15 de março de 2020

O Despertar do Sonho Cartesiano


            É evidente que Descartes e Bacon contribuíram muito com seus novos métodos para chegar ao conhecimento, porém, atualmente, praticamente 400 anos depois, essa contribuição ainda permeia nossa realidade. Será que ainda devemos utilizá-la em nosso dia a dia? Ainda é correto basear-se nela para compreender a situação mundial contemporânea?
            Nesse contexto, o filme adaptado do livro “O Ponto de Mutação”, dirigido por Bernt Amadeus Capra, traz a tona uma nova maneira de interpretar a ciência. A protagonista Sônia contesta os métodos apresentados por René Descartes e Francis Bacon, causando um estranhamento às personagens que contracenam com ela, Jack e Thomas. Inicia-se uma intensa discussão sobre o assunto na qual Sônia defende que as ideias desses filósofos não mais se aplicam à essa sociedade contemporânea e faz-se necessário o desenvolvimento de uma nova maneira de analisar a ciência. Porém, em nenhum momento, sugere-se que o trabalho de Descartes e Bacon estava errado ou que deveria ser tido como irrelevante, mas sim que esses autores elaboraram suas teorias em uma época diferente.
            A ideia proposta por Sônia é de não mais analisar os fatos separadamente, como propunha Descartes, e sim, analisar tudo como um conjunto que se relaciona pois, tudo e todos estão interagindo entre si por meio do movimento de partículas. Dessa maneira, devemos analisar as situações que nos cercam como um sistema integrado e não dissecá-las e analisar parte por parte.
            Tratando das questões ambientais, tem-se que, não devemos ver uma árvore como sendo apenas uma parte ínfima de uma floresta e fragmentá-la em raiz, caule, folhas, flores e frutos, e sim considerar que a mesma faz parte de um ecossistema.  Dessa forma, qualquer ação exercida sobre essa única árvore acarretará em consequências à toda comunidade local. Paralelamente, pode-se citar as queimadas, tanto na Austrália quanto no Brasil. Esse novo método de Sônia nos ajuda a entender como essas queimadas ocorridas na Austrália e no Brasil afetam tanto o ecossistema local quanto acarretam mudanças climáticas que podem ser sentidas no mundo todo. Assim, as florestas devem ser consideradas como pertencentes à todos e não apenas ao país onde se encontram, uma vez que sua destruição não afeta apenas uma única região, mas representa uma questão ambiental mundial.
            A incapacidade dos indivíduos de perceberem que pequenas ações como o descarte de lixo em locais inadequados leva ao crescimento da poluição ambiental corresponde a outro exemplo do impacto negativo do método mecanicista presente no pensamento cartesiano sobre a sociedade contemporânea. Esses indivíduos não levam em consideração a influência e a interação de tudo e todos, fazendo com que muitas pessoas acreditem que a atitude de coletar o lixo das ruas quando o encontram é inútil já que aquela pequena atitude não ajudará à diminuir a poluição.
            Com isso, torna-se necessário a instalação desse novo método de Sônia nas escolas desde o princípio para acabarmos com esse pensamento individualista que o método de Descartes acabou nos trazendo, e para conscientizar todos os cidadãos de que pequenas atitudes importam e que é de grão em grão que iremos conseguir solucionar, por exemplo, os problemas ambientais mundiais. Tudo está relacionado, e tudo que fazemos acarreta em consequências, positivas ou negativas, para outras pessoas e para o próprio meio ambiente.


Júlia Martins Amaral - 1º ano - Direito Matutino


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