segunda-feira, 10 de junho de 2019


Compartimentação da vida do indivíduo
Max Weber, um grande pensador alemão, que buscou compreender a sociedade moderna na era industrial e suas consequências no modo de organização social, criou, para o corpo do pensamento sociológico termos de extrema importância. Em suas análises ele exprime que as sociedades europeias se desenvolveram baseadas sob o espectro da ação social, que nada mais é do que a interação do individuo com outros indivíduos, e sob que influência se dá esta interação, seja ela por laços comunitários, laços morais, baseados sob a égide religiosa.
O pensador alemão diz que a partir dos grandes avanços tecno-científicos vividos pela sociedade que proporcionou a esta um enorme salto em relação a capacidade material surgem também inúmeros problemas de ordem social, um deles seria a despersonalização do individuo assim como a sua alienação pois tais avanços trazem consigo uma nova forma de organização, a burocratização.
A burocracia é um conjunto de normativas para tornar a vida mais eficiente, do ponto de vista organizacional, neste aspecto que se enquadra o Direito. Tal conjunto de normas, não compreende e nem tem a função de compreender as peculiaridades individuais, mas sim de oferecer procedimentos padronizados para a solução de problemas que possam surgir na organização social. 
Posto isso, questiono, estaríamos entrando em um novo período de reorganização social, pois agora inteligências artificiais querem saber o que gostamos, o que consumimos, o que esperamos em termos de política, qual a cor preferida para um jogo de chá, pois as especificidades do mercado são enormes, já não sofremos com a despersonalização sofrida no início do século XX, pois agora somos produtos, nas inúmeras linhas de códigos binários de empresas prontas a nos vender. Agora, ao mesmo tempo em que somos somente estatísticas também fazemos parte de grupos de consumo que tem sua personalização em relação ao atendimento programada e executada por uma inteligência artificial.
São novos paradigmas que se apresentam tanto para os operadores do Direito quanto para a nova sociedade, a burocratização da vida cede seu espaço para uma forma de tudo se tornar estatísticas, assim o jovem negro, morador de uma favela que é preso portando uma pequena porção de maconha, estatística. A mulher agredida pelo marido alcoólatra, estatística. O idoso sem condições financeiras de custear os tratamentos de saúde, estatística. Deste modo, compartimenta-se os indivíduos em grupos, pois estes grupos são ao mesmo tempo consumidores de serviços e se tornam mercadoria para empresas, os condiciona a determinados regimentos que são respaldados pelo Direito, e faz-se que o direito sempre atue a perpetuar e condicionar este sistema, ou seja, o capitalismo moderno coaptou a tudo e a todos.

Cassiano Mendes Cintra       1º Ano Direito Noturno

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