domingo, 26 de maio de 2019

Sentenciados ao trabalho, às incertezas, e à solidão.


Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, ligadas e transmitidas pelo passado.
MARX, Karl. O Dezoito Brumário de Louis Bonaparte. São Paulo: Centauro, 2006.

É possível analisar a partir dessa concepção marxista o porquê da submissão do homem, em sua ampla maioria, ao sistema capitalista. Fato é que a história da humanidade aborda a muito tempo a ascensão das relações comerciais e com ela a valorização da burguesia, situação essa que popularizou o trabalho produtivo e estabeleceu o lucro como finalidade final. Nessa situação, o Ser Humano, a mais de 500 anos, é sentenciado a um comportamento quase alienado de que a causa maior da sua existência é o trabalho e alimentação da máquina capitalista, tendo suas relações sociais moldadas por essa conjuntura.
Indivíduos determinados com atividade produtiva segundo um modo determinado entram em relações sociais e políticas determinadas.
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. Lisboa: Presença/Martins Fontes, 1974.

Caótico e doentio, o “novo capitalismo” do século XXI impõe aos indivíduos uma rotina desumana na qual a saúde mental e as relações afetivas são desconsideradas. Medidas nas quais visam estender o tempo de serviço para além da jornada regular, a atual configuração de empregos que incorporam a dinâmica de incertezas e a intensidade da pressão pela produção acima de qualquer coisa, tornam o capitalismo moderno um modelo econômico que não só deteriora o bem-estar mas também o minimiza ao compara-lo a seu grau de produção.

O que eles são coincide, pois, com sua produção, isto é, tanto com que eles produzem tanto quanto a maneira como produzem [...]
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. Lisboa: Presença/Martins Fontes, 1974.

A discussão da tirania do capitalismo atual deve sempre abordar a questão da incerteza, potencializada com eliminação das camadas da burocracia na organização trabalhista vigente. No Brasil e no mundo, a crescente pejotização de profissionais tornaram o emprego uma incerteza potencializando a individualidade e dificultando a firmação de laços que objetivam a conquista de algo a longo prazo. Dessa forma, a natureza do homem é forçada a ser flexível visto que seus direitos fundamentais, principalmente relacionados ao trabalho, se encontram fragilizados e diminuídos diante da imposição tirânica que o capitalismo carrega

Matheus de Vilhena Moraes - Direito ( Noturno)

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