segunda-feira, 6 de maio de 2019

É possível desagregar o ser humano da sociedade e da política?

               O desenvolvimento do fato social por Durkheim e a demonstração de como a força do coletivo condiciona o agir social e político do indivíduo, em qualquer sociedade, basicamente iniciou os estudos sociológicos como uma verdadeira ciência.
               Por sermos seres humanos que convivem em sociedade desde os primórdios, considerar uma análise individual, sem examinar o contexto em que se está inserido, seria analisar erroneamente todos os aspectos da vida dessa pessoa. Acredito fielmente que a maioria dos nossos comportamentos estão diretamente ligadas aos costumes que nos foram impostos a datar do nosso nascimento, como afirma o filósofo.
              Isto é tão aplicado na prática, que a diversidade de culturas no mundo produzem diferentes tipos de direito: basta sair de seu país de origem e observar como as regras e sua aplicabilidade variam conforme o que aquela sociedade acredita como correto, principalmente quando se analisa Ocidente e Oriente.

              Além disso, o conceito trabalhado de uma sociedade baseada na solidariedade, em que se abre mão de desejos individuais para contribuir com a coesão de toda uma sociedade, diz respeito a todas as coisas que queremos muito praticar porém sabemos que, moralmente, não seríamos acolhidos e respeitados da mesma forma. Entretanto, acredito que o termo “solidariedade” utilizado atribui uma romantização muito desnecessária, já que muitas dessas atitudes abdicadas vêm por meio de muito sofrimento e muita coersão sobre o indivíduo.
             Apesar disso, cogitar uma sociedade sem normas, mesmo que não escritas, iria contra à própria essência da humanidade: o ser humano necessita de ordenamentos não só para que sejam organizados, mas para que se sintam pertencentes a algum lugar. Logo, antes de divagar sobre como essa solidariedade seria injusta e repressiva, é preciso entender que as sociedades são assim desde sua aurora – o que não significa que atitudes opressoras devem existir de forma legitima, cabe ao direito condena-las, mas elas permanecerão, mesmo que da forma mais sutil e tênue pelo simples fato da imparcialidade ser inexistente.

              Dessa maneira, entende-se como seria impossível dissociar o homem da sociedade e o homem da própria política, já que somos totalmente orgânicos, dependentes uns dos outros, e isso não é necessariamente uma coisa ruim.      
Laura Tamiê - direito noturno

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