segunda-feira, 6 de maio de 2019

Desarmonia social


     Movimentos sociais, revoluções e protestos são situações que fomentam a discórdia e repugnância no meio social. Nessa perspectiva, percebe-se que estamos condicionados a viver em uma caixa, regrada, mecanizada e padronizada e quando negamos a ela somos automaticamente marginalizados. Esse quadro social, foi estudado por Émile Durkheim, sociólogo francês, que baseou suas ideias no funcionalismo social regido e fundamentado em normas de conduta.
     Quando crescemos somos expostos a milhares de regras, sejam elas determinando que roupa devemos usar, qual o comportamento adequado para indivíduos do sexo feminino e até mesmo como devemos nos portar diante uma mesa de restaurante. Nisso, a repetição contínua de frases proferidas do senso comum fortalece e mantém o que Durkheim denomina como fato social, o hábito coletivo promove uma consciência coletiva. Desse modo, reproduzir a ideia de que mulheres são submissas e apresentam o papel doméstico no círculo social só corrobora ainda mais para que as taxas de feminicídios no país aumentem e assim, preceitos inseridos desde que nascemos faz com que nos tornamos indivíduos dessa massa funcional.
     Nesse panorama, os ensinamentos coercitivos presentes no meio social destacam o coletivo. O sentimento de pertencer a um determinado grupo conforme suas vestimentas, vocabulário, ou poder aquisitivo é característica de sociedades modernas e ao elemento que não se encaixa ao agrupamento é fadado a exclusão. Em suma, vivemos em um país diverso e com alta desigualdade, grupos que contrariam a ordem da sociedade funcional são alvo de punições físicas, como exemplo os movimentos que contrariam a ordem patriarcal proposta, o que leva marginalização presente na vida cotidiana.
     Absorvendo essas características nos deparamos com um organismo social, interdependente que necessita de harmonia e equilíbrio para sua manutenção ignorando a felicidade e satisfação de seus integrantes.
     Observando a ideologia de Durkheim caímos em uma serie de questionamentos como o direito punitivo ainda é presente mesmo em sociedades consideradas orgânicas. Atos contrários a normatividade ainda são sinônimo de eliminação, percebe-se que para atingir a ordem vidas são pagas, percebe-se que a permanência de uma consciência coletiva patriarcal, machista e discriminatória permeiam nos tecidos sociais e aqueles que não se adaptam a ela são levados a enfrentar consequências severas em nome de uma sociedade harmônica e utópica.



  Ana Laura Albano 1ºano - Direito (noturno)

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