segunda-feira, 22 de abril de 2019

Positivismo e 'Mentiras Gays'



Auguste Comte ficou conhecido por fundar a teoria positivista em seu livro “Curso de Filosofia Positiva”. A partir deste conceito a sociologia surge efetivamente como ciência, ou ‘física social’ como é relatado em seu texto. Tem como base a ideia do progresso teleológico, queé alcançado através da passagem de uma sociedade teológica para uma sociedade positiva (único conhecimento verdadeiro), com intermédio da etapa metafísica.
Enquanto o estado teológico buscava responder as questões por fenômenos sobrenaturais, a filosofia positivista busca conhecer as causas dos fenômenos através do experimentalismo científico, e nesse momento a humanidade chega em seu estado mais desenvolvido. Para Comte as únicas ciências que ainda utilizam do método metafísico ou teológico são os fenômenos sociais, e assim ele cria a física social, que nada mais é do que o estudo dos fenômenos sociais através da observação científica.
A física social compreende da sociedade a partir de uma realidade de estática e dinâmica: a primeira são os pilares da natureza humana, e nunca devem ser alterados, como a família, religião, trabalho; já a dinâmica é o progresso que permite o mantimento das instituições base e garante a evolução científica.
A corrente filosófica em questão se espalha pela Europa durante a segunda metade do século XIX, e já no século XX as ideias de Comte são propagadas por inúmeros pensadores Brasileiros. Dentre eles Olavo de Carvalho, um pensador brasileiro em ascensão que apoia suas teorias em conceitos positivistas. Em seu livro O Imbecil Coletivo fica claro as questões conservadoras, os ideais de progresso e o experimentalismo.
No capítulo ‘Mentiras Gays’, Olavo, através de uma teoria experimentalista mostra sua visão acerca da comunidade LGBT. Ele defende que a conduta homossexual não é tão digna de respeito quanto a heterossexual, uma vez que a heterossexualidade está relacionada a propagação da espécie, já a homossexualidade é somente uma preferência. E través dessa linha de raciocínio afirma que o preconceito contra essa comunidade é somente um exercício de liberdade de consciência, e não deve ser repudiado.
Mesmo que um texto extremamente preconceituoso, Olavo de Carvalho usa da mesma ideia da física social criada por Comte, refutando todo discurso contrario através de argumentos científicos para provar sua tese. Também fica evidente no texto o conceito de estática. A família, por ser um dos pilares da natureza humana, em detrimento do progresso deve ser mantida, sendo assim, a homoafetividade, por fugir dos padrões da tradicionalidade, não é digna de direitos, pois estes seriam privilégios.
Infelizmente, a teoria apresentada por Olavo de Carvalho é repleta de preconceitos e não leva em consideração as violências sofridas por esse grupo social. Portanto é possível ver os perigos da filosofia comtiana. Se levada a letra pode rebaixar grupos sociais com maior vulnerabilidade, gerando ódio social ao diferente.

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