terça-feira, 2 de abril de 2019

O FASCISMO E SUAS SEMENTES


Bernt Capra apresenta em sua ilustre obra “Ponto de Mutação” dois modos de se fazer uma análise sobre o mundo. Em um primeiro modo, o mundo é visto como um grande sistema subdividido em sistemas menores os quais devem ser estudados separadamente. Já em um segundo modo, ele é considerado um sistema com partes interdependentes sobre as quais seria impossível se fazer um estudo individual em que se desconsiderasse as relações e conexões entre elas.
Na atualidade, muitos, principalmente chefes de Estado, tratam o mundo como o político do filme trata, de maneira cartesiana, como se as partes fossem isoladas e como se o vínculo entre indivíduos e o meio e entre sociedades pudesse ficar em segundo plano. Com isso, tem-se uma realidade banhada em interesses individuais e manipulação, uma realidade em que os problemas globais não são realmente resolvidos, pois são vistos separadamente. Assim, fica claro que o modo sistêmico, defendido pela cientista do filme, tem a capacidade de abranger o mundo e as suas relações, já que toma um problema não como um fato isolado, mas como algo que se liga a tudo e a todos. Dessa maneira, o ponto de vista sistêmico seria o precursor de um modelo social mais sustentável e menos centralizado nos interesses de poucos. 
Partindo-se desses fatos, é possível fazer uma relação entre o filme “Ponto de Mutação” e o surgimento de ideias e práticas neofascistas atuais, uma vez que, como evidenciou o professor Alysson Leadro Marcaro na palestra “O Fascismo e suas Manifestações Contemporâneas”, o fascismo foi combatido militarmente, mas suas sementes ideológicas, o neofascismo, estão disseminadas pelo mundo e encontram solo fértil no contexto mundial contemporâneo de crises econômicas, políticas e sociais no qual conceitos falsos são defendidos, ideias extremistas são vangloriadas e o coletivo é esquecido. Assim sendo, o ponto de vista mecanicista impera e, com isso, a parte “quebrada” do regime fascista poderia ser substituída e ele voltaria a agir, no entanto depois de algum tempo fracassaria novamente, pois não haveria uma análise histórica e contextual das complexas relações da sociedade como um todo.
Desse modo, é evidente que, quando o mundo é considerado como tendo partes isoladas, a sociedade regride e o modelo fracassa. Com isso, torna-se necessária a valorização de uma visão abrangente e sistêmica sobre o macro.

Juliana Silva Pastore - Direito diurno (1º ano)

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