terça-feira, 2 de abril de 2019

O fascismo e as visões mecanicista e sistêmica



O fascismo é uma forma de governo que teve início nos anos de 1920, com a ascensão de Benito Mussolini na Itália. Surge inicialmente como uma reação ao comunismo emergente na Rússia, sendo um regime contrarrevolucionário. Atualmente, observa-se uma tendência crescente, em escala mundial, de personalidades e grupos políticos neofascistas, baseando seus discursos em preconceitos e discriminações para com minorias, como a comunidade LGBT e os adeptos ao movimento feminista.
Além disso, é necessário ressaltar que certos valores do fascismo da década de 20 foram modificados, mas os princípios básicos mantiveram-se inalterados.  Um desses princípios é a visão mecanicista do mundo. Essa visão foi desenvolvida e defendida por filósofos do século XVII, como Bacon e, principalmente, Descartes. O mecanicismo é uma interpretação do meio social e natural como uma máquina, muito complexa e com os mais diversos mecanismos, que necessita de uma perspectiva objetiva e cientifica para a análise das relações entre os seres.
Considerando essa concepção de realidade, é possível relaciona-la com a mudança drástica que ocorreu no inicio da idade moderna, o conceito de tempo havia mudado e, com isso, as relações sociais também sofreram modificações. A revolução industrial e a ascensão do capitalismo provocaram o desenvolvimento de uma sociedade extremamente mecanicista e obcecada com a utilidade do tempo e do trabalho. Essa mudança beneficiou a classe dominante do sistema capitalista, que utilizou esse mecanicismo para justificar sua exploração desenfreada da classe trabalhadora.
Ademais, para sustentar o sistema vigente em períodos de crises sociais e econômicas, é necessário um regime totalitário e fundamentalista, que prive as pessoas de diversas liberdades, pois o fascismo busca constantemente controlar as relações sociais e naturais em prol da burguesia.
O filme o ponto de mutação, baseado no livro de Fritjof Capra, critica a visão mecanicista a partir do diálogo entre três personagens com vivencias e pensamentos diferentes. Devido aos argumentos apresentados pela personagem Sônia Hoffman, pode-se verificar que Capra expõe a necessidade da substituição desses sistemas rígidos por novas percepções em relação ao tempo, ao trabalho, ao espaço e ao ambiente. Com vários exemplos, demonstra que todas as ações que a humanidade inflige na natureza e em si mesma possuem consequências que se interligam e agravam a situação atual. No entanto, o dialogo também trata de uma visão alternativa que surge nas décadas de 1960 e 1970, criticando o pensamento cartesiano ao afirmar que a natureza deve ser vista como um sistema e não como uma máquina. Esse sistema deve ser preservado, utilizando politicas ecológicas e holísticas para a manutenção do equilíbrio entre as necessidades humanas e o meio ambiente.
Por fim, vale ressaltar que essas questões estão sempre relacionadas a política. Os governantes e seus ministros são os principais responsáveis pelas decisões, sejam elas sistêmicas ou mecanicistas. No entanto, todos precisam conviver com as consequências de tais decisões, sendo indispensável um governo com participação popular e com representatividade para todas as classes e grupos da sociedade, tornando o fascismo um regime prejudicial e incoerente.

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