quinta-feira, 4 de abril de 2019

Descartes, fascismo e segregação social


A busca pela verdade é um dos propulsores da racionalidade inerente ao ser humano. A história da humanidade é marcada pela busca do “conhecer”. Em sua trajetória pela Terra, o ser humano, aliado ao tempo e espaço nos quais está inserido tende a buscar a resultados cabíveis ao que entende por verdade, e, por conseguinte, a verdade como fim em si mesma.
Rene Descartes, dentre outros títulos, foi um filósofo do século XVII que em sua passagem pelo mundo buscou organizar um método de busca da verdade, para ele plena e absoluta. De acordo com seu entendimento, Descartes idealizou um método de sistematização do conhecimento configurado pela compartimentalização dos variados temas e objetos que nos rodeiam, como a física, a matemática, a filosofia e assim por diante.
Este método é, porém, contestado no filme “O ponto de mutação” sob à ótica da intensa separação de matérias dentro da analogia da análise das peças de um relógio e não este como um todo. No filme, esta visão de sociedade é criticada por uma cientista, uma vez que não abrange uma visão holística da sociedade, de forma global, contextualizada, mas sim compartimentalizada.
A análise segregada da sociedade, de temas de estudo, de busca por uma verdade absoluta leva, em determinados casos, à expansão de doutrinas totalitárias como se observa com o crescimento de pensamentos neofascistas no mundo atual. Com base em lemas totalitários do passado, como a eugenia, esses grupos se apoiam justamente na busca intolerante pela verdade absoluta, sem um aprofundamento de temas complexos e de forma segregacionista no âmbito social.
Por fim, cabe ressaltar a necessidade de coibir a intolerância, de não tolerar o intolerante, pois a convivência salutar preconiza diversidade de ideias, de culturas, de formas de ser, não restando espaço apenas àquele que refuta tais princípios inerentes ao Estado Democrático de Direito.

Marina Christensen

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