domingo, 31 de março de 2019

O mundo como uma teia


O mundo, na visão cartesiana, é entendido como uma máquina, na qual há inúmeras engrenagens. Entretanto, para compreender esse cosmo é vital analisar cada peça individualmente, caracterizando, dessa maneira, Descartes como o primeiro teórico com uma perspectiva mecanicista da humanidade. Esse raciocínio ainda é muito empregado, principalmente no âmbito político, o que proporciona diversas falhas, já que, como afirma a ciência pura, tudo faz parte de uma teia inseparável de relações. Não é possível estudar um elemento específico sem relaciona-lo com o meio em que ele está inserido.
            Sabe-se que o fascismo é um dos ramos de um sistema político, ou seja, ele pode ser percebido como um fragmento da máquina política. Com isso, para que a sociedade se liberte de fato dos juízos desse regime opressor e autoritário, não é ideal empregar o método mecanicista cartesiano, uma vez que como é afirmado no filme “O ponto de mutação” do diretor Bernt Capra, é possível consertar uma peça, todavia, ela irá quebrar de novo rapidamente, pois, foi ignorado o que se conecta a ela. Assim, constata-se, que para emancipar o corpo social do fascismo, tudo deve ser alterado ao mesmo tempo, desde as instituições até os valores arreigados na sociedade, já que conforme o palestrante Hélio Alexandre, o fascismo apenas perdeu militarmente com o fim da Segunda Guerra Mundial e não ideologicamente, desse modo, ele por emergir a qualquer momento se providencias efetivas não forem tomadas.
            A ciência, ademais, possui um papel imprescindível nessa busca por autonomia, visto que ela é uma rede interligada e abrangente. Segundo a Teoria dos Sistemas Vivos, que também é abordada na obra de Capra, a ciência não picota as coisas, ela olha para os seres vivos como um todo. No entanto, ela deve ser pura, a ciência deve cumprir o seu ofício de compreender o mundo como ele realmente é, isto é, ela não deve ser cara, utilizada para gerar lucro, mas sim fascinante.
            O fascismo, por conseguinte, é um fenômeno que deve ser estudado cientificamente, uma vez que ele está em oposição com os preceitos liberais, como a individualidade e a competitividade. Segundo o palestrante, nesse regime as pessoas dissolvem as suas individualidades para cultuar um líder. Desse modo, para compreender esse sistema e consequentemente escapar dele, é necessário analisar todo um contexto histórico e econômico que levaram a sua ascensão.  Percebe-se, portanto, que o mundo é uma teia conjugada e não peças isoladas.


Laura Santos Pereira de Castro
Primeiro Ano Direito Matutino

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