quinta-feira, 28 de março de 2019

Deuses ilusórios e a velação da desigualdade



          A perspectiva de que vivemos em um mundo que enaltece as desigualdades sociais se torna cada vez mais explícita no mundo contemporâneo, e isso acontece devido as bases e estruturas que consolidaram as matrizes do pensamento leigo. A recente eleição do novo presidente da república Jair Messias Bolsonaro, exteriorizou com suas declarações, assim como Donald Trump, todo o ódio e intolerância que as pilastras que construíram a sociedade continuavam a esconder, e a partir disso ocorreu o reavivamento mais intenso das pautas humanísticas por direito.
         Com a ascensão da tecnologia, a busca por direitos se tornou, de certa forma, mais visível e até mesmo popular, e com os relatos e estudos que foram surgindo determinou-se, efetivamente, o quanto o racismo no Brasil se dá de forma velada e sutil, o que é externado na desigualdade social de trabalho e oportunidades de vida. Assim, as diretrizes dos pensamentos empiristas passaram a ganhar um maior significado, ou seja, trouxe para a discussão hodierna o quanto as pessoas deixaram de raciocinar devidamente e iniciaram seus discursos racistas e preconceituosos desde o inicio dos tempos e continuaram com eles, tratando seus semelhantes de forma hostil e combativa, direta e indiretamente.
           Em função de tais acontecimentos atuariais, podem ser anexados os pensamentos dos filósofos René Descartes e Francis Bacon, estudiosos que acreditavam no poder do empirismo e da experiência científica como base para a resolução de conflitos sociais, e portanto, naturais, que são inerentes ao ser humano. Tais pensadores podem ser introduzidos nesta temática pois tratam da utilização da ciência como modo de  emancipação dos pensamentos ignorantes e arcaicos que foram desenvolvidos no imaginário humano.
           Em sua obra “Novum Organum”, Bacon apresentou os quatro gêneros de ídolos que geram falsas noções de realidade e perspectivas ilusórias, sendo eles: os ídolos da tribo, os ídolos da caverna (no intuito de relacionar com o mito da caverna de Platão), os ídolos do mercado e os ídolos do teatro. Assim, todas essas ideias de perfeição aludem a idolatria de algo suspenso da realidade. Por isso, é válido ressaltar o quanto a ocidentalização é valorizada, assim como a pessoa e a personalidade branca, automaticamente remetidas aos deuses gregos inabaláveis, imbatíveis e perfeitos da mitologia grega, reafirmando essas intenções de dar continuidade a  supremacia branca que faz com que tudo que se afasta desse modelo seja inferiorizado e marginalizado.
           A população negra é vitima de uma sociedade repleta de preconceitos e de falsos ídolos que distorcem a realidade, a população negra enfrenta o racismo velado brasileiro todos os dias e a todo o tempo, e o mundo, mesmo com toda a informação alcançada ainda esta preso a bolha ocidental que o rodeia. De fato, as relações tem sido aprimoradas e pautas, como o racismo, sendo cada vez mais discutidas, porém, enquanto jovens ainda andarem nas ruas com medo e insegurança devido a sua cor, a humanidade retrocede.




                      Beatriz Dias de Sousa  - 1º ano Direito Noturno

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