domingo, 31 de março de 2019


                           Crise de Percepção


Segundo Hannah Arendt, evitar responsabilidades e não julgar leva os indivíduos a cometerem aberrações, que a ordem fascista prega. A ascensão do fascismo é um exemplo da falta de questionamento por parte de seus adeptos, no qual eles creem que é através de um regime totalitário, e é pela eliminação do outro que a paz e ordem serão garantidas. Existe uma crise de percepção, sobre o outro e sobre o que é paz.
O fascismo é um aglomerado hegemônico, em que o indivíduo se dilui para seguir um líder, desta forma o “outro” é qualquer indivíduo que não pertença ao regime, portanto uma ameaça ao comportamento de bando dos fascistas. A partir disto surgiram aberrações como a Solução Final do Estado Nazista, no qual o “outro” – judeus, ciganos, homossexuais, doentes físicos e mentais – era responsabilizado por todos os dissabores da vida humana, assim somente com a eliminação do “outro” haveria a realização do grupo. No entanto, o silêncio devido as mortes de inúmeras pessoas não foi paz, e sim um genocídio.
Segundo a teoria dos sistemas a existência é uma teia da vida, ou seja, todos estão conectados, são interdependentes do “outro” para existirem. A crise de percepção provém da ideia de que o outro é alguém além de mim, separado, quando na verdade estamos intrinsecamente ligados. Os juros pagos a esta falta de entendimento são corpos incinerados, torturados, perdidos. Os estrangeiros somos nós, que renunciamos nossa essência em nome do medo, para participar de grupos fascistas que dizem garantir a nossa segurança.
Diante deste cenário, entende-se que a desgraça não está na ação do diferente a mim, mas na própria ignorância, que entende a vida como retalhos. Sendo esta uma vida mutilada por autoflagelos, infligidos na própria alma humana.

Érika Nery Duarte, primeiro ano direito (matutino)

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