quarta-feira, 27 de março de 2019


Brasil dividido   


  Jessé de Souza, formado em Direito na UnB, mestre em sociologia pela mesma, doutor em sociologia pela Karl Ruprecht Universität Heidelberg (Alemanha), pós-doutor em sociologia pela New School for Social Research, Nova Iorque, e ex-presidente do IPEA, relata em seu livro “A elite do atraso” o profundo enraizamento do conceito de escravidão na cultura e vivência brasileira. Relata como a falta de política públicas de inserção dos negros na sociedade criou uma “ralé” brasileira. “Ralé” que ocupa os “piores” serviços, que passa fome e que sofre permanentemente com violência, seja física ou simbólica.
  A tirinha retrata, por conseguinte, exemplos dessa desigualdade no tratamento social causado por essa chaga, que apesar de abolida a 131 anos ainda fere grande parte da população. O diferente tratamento e, portanto, a violência simbólica, observada nas relações da tira nos faz pensar sobre o ser humano e sobre possíveis caminhos que nos levem a uma maior justiça social.
  Para tal objetivo, podemos analisar Francis Bacon, pensador alemão de linha utilitarista, em “Novum Organum”. No qual, seu aforismo XXXIV ”Não é, com efeito,empresa fácil transmitir e explicar o que pretendemos, porque as coisa novas são sempre compreendidas por analogias com as antigas.” registra um fundamento da mecanicidade humana que gera e reproduz as estruturas preconceituosas da sociedades.
  No aforismo XXXVI: “Resta-nos um único e simples método, para alcançar os nossos intentos: levar os homens aos próprios fatos particulares e às suas séries e ordens, a fim de que eles, por si mesmos, se sintam obrigados a renunciar às suas noções e comecem a habituar-se ao trato das coisas” Bacon propõem uma possível solução, mas não qualifica o método prático.

  Pensando no método prático de combate a violência física e simbólica racial, pode-se seguir o método de dúvida, de Descartes. Em que ao ser estimulado nas escolas motivará as pessoas a buscarem respostas práticas aos interesses que motivam a permanência de estruturas sociais injustas. Pois só analisando e apagando essa chaga viveremos em um país justo e unido.

GUILHERME CUNHA SOARES 1°ANO DIREITO DIURNO UNESP

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