quarta-feira, 20 de junho de 2018

O Sagrado e o Profano


A descriminalização do aborto de anencéfalo percorre diversos campos sociais com argumentos contrários e a favor. A anencefalia, que acontece por causa de uma má formação que acontece a partir da quarta semana do desenvolvimento embrionário, é uma patologia letal que confere pouco tempo de vida fora do útero.
Uma parcela representativa dos que se posicionam contra, se apoiam em argumentos de âmbito religioso por ter incorporado esse habitus em suas praticas diárias, o que torna ainda mais delicado e difícil de se argumentar contra, pois para a sociedade só tem o direito de dizer o que é sagrado e profano são as pessoas que detém o conhecimento, como dito por Clóvis de Barros Filho ao citar Bourdieu, “ a sociedade se especializou de uma tal maneira que nos dias que correm, a definição do que é e do que não é sagrado é obra de especialista”
Ainda vale ressaltar que existe também uma grande parcela de pessoas, inclusive não religiosos que utilizam do seu poder simbólico para poder o dizer o direito sobre a anencefalia utilizando uma máscara para que possam atingir seus objetivos, não sendo esta uma máscara qualquer, mas sim a máscara da razão.
 Portanto, para que se possa promover avanços significativos no sentido de descriminalizar o aborto de anencéfalos é necessário que os operadores do direito atuem entre a moral e a ciência, ou seja, naquilo que Bourdieu chamaria de espaço dos possíveis para que possam futuramente vir a garantir a descriminalização do aborto de anencéfalo.


Rafael Lima Rodrigues Arantes – Turma XXXV - Direito Noturno

Nenhum comentário:

Postar um comentário