domingo, 18 de março de 2018

O trabalho como alavanca social

A palavra trabalho era usada antigamente para denominar um instrumento de tortura contra os escravos, e apesar dessa nominação ter vestido várias roupagens ao longo da história, seu sentido atual remete à sua função na época escravocrata, ou seja: o trabalho é usado como uma ferramenta de coerção e exploração das camadas mais pobres.
O contexto em que vivemos faz com que cada individuo social tenha necessidade de cumprir uma função na sociedade, ser útil de alguma forma para toda a engrenagem do capitalismo, vendendo sua força de trabalho (submetendo-se à pressões psicológicas, concorrência e condições insalubres) para em troca sentir-se digno- contemplando a famosa frase " O trabalho dignifica o homem". Tal manipulação ficou indubitavelmente clara no contexto do nazismo na Alemanha do séc. XX, onde encontravam-se nas portas dos campos de concentração, como o de Auschwitz, a seguinte frase: "Arbeit macht frei" - "O trabalho liberta"; induzindo a ideia de que somente vendendo a força de trabalho eles se tornariam dignos de serem libertados.
No cenário brasileiro, a população foi fortemente influenciada pelos pensamentos positivistas de Auguste Comte desde a proclamação da república (mesmo ela não tendo participação ativa nesse processo), alimentando a ideia de meritocracia, ou seja: quanto mais o individuo se esforça, mais chances terá de alcançar maiores níveis econômicos e sociais (o que acontece somente com uma minoria). O problema se instala quando a população percebe a importância de reivindicar seus direitos, almejando sair da margem da sociedade,seja por fatores raciais, econômicos, de orientação sexual, entre outros. Para a grande maioria influenciada pelo positivismo esse processo quebra a ordem do país- necessária para o progresso-(lema presente na bandeira da república). Isso explica o forte apoio dado à candidatos com raízes positivistas e conservadoras em contrapartida à candidatos que apoiam as mudanças sociais no atual cenário politico brasileiro. Destarte, é de extrema importância para as elites brasileiras a manutenção da manipulação feita nas massas para que pensem em manter a ordem e assim manter nosso sistema que tem majoritariamente caráter de dominação dos mais ricos; onde a normalidade é caracterizada pela submissão das camadas populares às leis e vontades de seus dominadores.

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