O limite do Positivismo
Produto de um contexto de quebra de paradigmas
religiosos e intenso avanço científico, é evidente que a
filosofia positivista de Auguste Comte possuiu profundo impacto na maneira como
observamos os fenômenos a nosso redor. Reconhecendo padrões de comportamento em
diversas áreas de pensamento, o filósofo
francês indicou a tendência geral humana de passar por 3 estágios subsequentes.
Segundo Comte, a mentalidade primeiro vivencia
a teologia e a metafísica, estados que privilegiam a explicação por
agentes sobrenaturais, e ,ao desvencilhar-se desse entendimento de forças
abstratas , atinge a máxima do positivismo, que preconiza o raciocínio e a observação, abdicando da busca por razões
absolutas e focando-se no estabelecimento das leis efetivas do universo. De
fato, tal doutrina pragmática, por maximizar descobertas e conclusões coerentes,
encaixa-se perfeitamente nos moldes da investigação cientifica de áreas como física,
química, astrologia e biologia.
Entretanto, o que seria o objetivo final de
Comte, traduzir o positivismo para o estudo da sociedade a fim de criar uma
verdadeira física social, acaba provando-se inviável e até mesmo perigoso. Isso,
pois a “busca por razões”, fator renegado pela filosofia positivista, é
essencial na construção de uma verdadeira análise social. “O que causa o crime?”,
através da óptica positivista, a resposta seria apenas “a violação das leis”.
Ou seja, o motivo pelo qual esse crime foi
cometido, seja pobreza, falta de oportunidades ou opressão social, não será
levado em consideração. Dessa forma, a física social erroneamente prevê uma
sociedade estática, cujas problemáticas são resolvidas de forma sistemática,
totalitária e infrutífera. Conclui-se, portanto, que a metodologia positivista
é sim essencial ao estudo das ciências naturais, mas, ao não considerar as
nuances e o caráter mutável das estruturas sociais, não pode ser a base
avaliadora de uma coletividade.
João Manuel Pereira Eça Neves Da Fontoura-Direito Noturno(TurmaXXXV)
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