domingo, 22 de outubro de 2017

As cotas e a igualdade formal

Através do pensamento de Boaventura de Sousa Santos, que defende as intervenções do Estado na sociedade, desde que para garantir melhorias, como ampliação de direitos, é possível entender a necessidade e o caráter principal da criação de ações afirmativas tais como as cotas. Por meio de medidas constitucionais, é dever do Estado garantir uma igualdade real, não apenas formal.
E o princípio da igualdade não é o suficiente para garantir essa igualdade real, tal como afirma Daniela Ikawa: “Apenas o princípio da igualdade material, prescrito como critério distributivo, percebe tanto aquela igualdade inicial, quanto essa diferença em identidade e contexto. Para respeitar a igualdade inicial em dignidade e a diferença, não basta, portanto, um princípio de igualdade formal.”
É preciso entender que, à luz do pensamento de Boaventura, o sistema de cotas é uma forma de luta contra hegemônica, que permite o ingresso de uma população que por muito tempo foi, e ainda é, taxada pela sua cor de pele, permitindo um ambiente mais plural dentro da universidade pública, de forma que diversas culturas interajam e se integrem, de forma a fazer morrer, pouco a pouco, o preconceito.
Além disso, o fascismo social age de maneira a perpetuar o processo de marginalização e taxação, pelo fato justamente de tentar conservar a minoria étnico-racial submissa a um panorama e a um ideário nos quais a mesma se encontra em notória desvantagem. As cotas raciais não são eternas, mas sim medidas provisórias de emancipação social do negro enquanto grupo minoritário que muito contribuiu para o desenvolvimento econômico do Brasil com a escravatura, mas que, apesar de sua grande contribuição, através da exploração sofrida não recebe muito do que deveria da sociedade, muito pelo contrário.
As cotas racias fazem-se necessárias no estado brasileiro para ao menos tentar diminuir as desvantagens impostas pela sociedade durante anos, ou seja, dar as mesmas condições socioeconômicas através do Direito, como ferramenta contra hegemônica emancipatória.

Victor Sawada 1° ano Noturno