segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Passos para trás


Chego no museu, onde muitos homens antes de mim vieram, e milhares de outros ainda estão por vir. Parado, em pé, de fronte aquela linda parede, onde podia observar apenas parte, somente meu angulo de visão, daquela obra de arte, admirando aquela beleza estonteante chego a baquear, aquelas luzes, que se dividem em um prisma, origirando milhares de cores, causam diferentes sensações, impressões. Me impressionam, me encantam, me apaixonam, me seduzem, me cegam, me iludem. Me fixam. Me sinto como um ímã, atraído em direção aquela imagem, a aproximação parece inevitável. Creio ter passado horas, dias, meses, a observar e me extasiar com aquela visão, tão plena, tão perfeita. Quando finalmente voltei em mim meu primeiro pensamento foi satisfazer minha vontade louca de ver aquilo mais de perto, e ali permanecer. Quando, de súbito um estranho pensamento me vem a mente: uma curiosidade, espreitando pela experimentação de dar um passo pra trás, e descobrir se há mais para ser visto de longe. Meu primeiro impeto, é claro ignorá-lo, mas a persistência da duvida sutilmente me ganha. É necessário uma força sob humana para controlar meu corpo e move-lo para trás. E finalmente, perceber diferentes elementos e formas que transforma totalmente aquilo que via, e novamente me deslumbrar.

Conhecimento, para mim, é estar em um museu, olhando um quadro que abrange todo o meu angulo de visão, e se encantar, se admirar, se deleitar com aquilo. Neste momento você tem duas escolhas: se aproximar para poder observá-lo mais de perto, ou abnegar, com muito esforço, as minuciosidades da pintura e dar um passo para trás. Para então perceber que seu ângulo de visão aumentara e agora novas pinceladas de cores, e o arco-íris invadem a tela, como que transformando toda a obra. Neste museu, o caminho do conhecimento são passos para trás. É ter a coragem, a ânsia e a força para duvidar e conhecer o novo, sem se apegar ao conhecimento presente. É ter humildade de sempre descrer de si. Caminhar para frente no museu é acreditar que aquilo que se vê é a única pintura existente, é estreitar cada vez mais sua visão e desta maneira perder a imensidão que o aguarda.

Maria Theresa 1 Diurno

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