domingo, 20 de agosto de 2017

Metodologia durkheimiana atrelada a encarceramentos psíquicos




Compre. Beba. Vista. Consuma. Tais palavras imperativas são, cotidianamente, bombardeadas na sociedade, culminando com a imposição de ideologias as quais arraigam-se na psique humana. Desde meados do século XVIII, com a emergência da Revolução Industrial, constata-se a consolidação do sistema capitalista, o qual engloba a integralidade de grupos sociais, perdurando independentemente da vontade dos indivíduos e pressionando estes a seguir determinados comportamentos. Analogamente, tal qual o sistema capitalista, o fato social – protagonista da metodologia sociológica de Durkheim- explicita-se como geral, externo e coercitivo. Assim, liberdades particulares são estabelecidas de acordo com os parâmetros de certo grupo, uma vez que o agir individual transcende noções individuais, firmando-se em hábitos forjados na dimensão do coletivo. Tais hábitos, os quais fundamentam a estrutura da sociedade, estão na essência da explicação dos fenômenos sociais. Por esse motivo, Durkheim discorre sobre a existência de uma “causalidade eficiente”, ou seja, determinado fenômeno social cumpre certa função de acordo com a sociedade analisada.  Dessa maneira, podemos reputar que o estupro coletivo de uma mulher de 16 anos por 33 homens, ocorrido no Rio de Janeiro possui como causa eficiente a banalização da figura feminina em uma sociedade machista. Tal fato pode ser exemplificado na obra "Eichmann em Jerusalém" de Hannah Arendt, no qual esta disserta sobre o conceito de banalidade do mal, afirmando que a massificação da sociedade fomenta a criação de uma multidão incapaz de fazer julgamentos morais, razão pela qual a coerção impõe-se sem questionamentos.  Portanto, tanto a padronização crescente de ideologias e concepções – estas ancoradas em um sistema capitalista o qual incita um consumismo desregrado – quanto comportamentos patológicos – a exemplo de estupros coletivos - corroboram com o fortalecimento do conceito de “fato social”, perpetuando a metodologia sociológica de Durkheim e incentivando encarceramentos psíquicos constantes.

Isadora Mussi Raviolo- 1° Ano Direito (Noturno)
 

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