domingo, 13 de agosto de 2017

Crônica de um progresso positivista

     Eram 6:00 da manhã, os funcionários de uma manufatura de sapatos acordavam, levantavam de suas camas e iam trabalhar. Ao chegarem à fábrica todos foram para seus respectivos postos de trabalho, exceto um, esse continuou andando, atravessou toda a fábrica até chegar na sala do diretor.
     Avisou a secretário que queria falar com o diretor, e ficou sentado esperando. Durante esse tempo viu um quadro na sala com a seguinte frase “não poderia haver qualquer conhecimento real senão aquele baseado em fatos observáveis”, contudo não entendera direito a frase, e antes de refletir mais, o diretor chamou-lhe para entrar, eram 9:00.
     O funcionário começou a falar que tinha uma nova técnica para aplicar na fábrica, que permitiria aumentar a produção, mas para essa técnica funcionar era necessário reformular toda a estrutura da fábrica, era necessária uma revolução da hierarquia social existente na fábrica, que traria mais benefícios para produção, defendendo por fim uma divisão do controle da fábrica entre o diretor e alguns funcionários e uma distribuição de recursos de melhor forma. Imediatamente, o diretor disse não, ele achava um absurdo essa ideia, pois aquilo acabaria com diversos valores importantes na fábrica, valores como a hierarquia tradicional, superioridade do diretor e aceitação dos “lugares sociais” e seus papéis definidos na fábrica, aquilo para o diretor era inaceitável.
     A discussão continuara, mas a cada minuto o funcionário via que nada seria aceito pelo diretor, quando o relógio bateu 10:00, o diretor mandou o funcionário retornar para o trabalho.
     Quando o relógio bateu 12:00, os funcionários se preparavam para almoçar quando o diretor chamou todos para fazer um anúncio, ele dissera que devido a uma conversa com o funcionário ele decidiu mudar algumas coisas na fábrica, ele falou que a partir de agora a ordem deveria ser reestabelecida, e reforçou também a importância do trabalho prático e mecânico que era realizado por eles para permitir o progresso da fábrica, defendendo que o trabalho significa honra e qualquer trabalho deve ser digno de reconhecimento. E para terminar seu discurso falou que todos presentes poderiam alcançar a felicidade real igual ele, mesmo que existam diversas posições sociais, a felicidade é compatível com todas, desde que sejam desempenhadas com honra e aceitas convenientemente.
     Após o término do horário de almoço os funcionários voltavam a trabalhar, o relógio marcava 13:00, o funcionário que fora falar com o diretor no começo do dia, ficou feliz porque viu que o diretor mudou algo na empresa, sentiu-se mais disposto porque vira que teria condições de alcançar a felicidade real que o diretor falava. 
     O relógio marcou 18:00 e os funcionários batiam o ponto e voltavam para suas casas. Às 23:00, o funcionário deitou e preparou-se para um novo dia de trabalho.
     O pensamento do diretor mostra-se muito alinhado com o pensamento positivista do Augusto Comte, afinal Comte era um grande defensor de uma reestruturação intelectual nos indivíduos para reformular a sociedade. Seguida dessa reorganização intelectual, ele defendia a reorganização da moral e, por fim, da política. Com seu discurso, o diretor estava fazendo uma doutrinação positiva, para assim mudar o pensamento intelectual dos funcionários e reestabelecer a ordem. 
Comte também criticou a Revolução Francesa, pois ela havia destruído uma série de valores importantes da sociedade tradicional europeia e não impôs novos valores permanentes. Assim, como Comte criticou a mudança trazida pela Revolução Francesa, o diretor criticou a mudança que o funcionário queria trazer, só que o diretor depois fez ele acreditar que tinha mudado algo, sendo que apenas reforçou a ideia industrial capitalista.
     Betina Rodrigues Yagi- 1° ano diurno

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