segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Cada um vê com os olhos que têm

Para Durkheim, o fato social é aquele realizado pelo homem dentro e de acordo com a sociedade em que está inserido. Segundo o autor, esses atos seriam o principal objeto de estudo da sociologia, que encarada como ciência deveria prescindir de uma objetividade absoluta, não permitindo que a subjetividade do cientista interferisse no estudo. Partindo desse ponto, essa neutralidade seria possível?
É difícil tratar de objetividade quando as pesquisas e estudos são feitos por seres humanos. Nós somos dotados de uma subjetividade imensa, cada pessoa carrega em si experiências, ideais, ensinamentos que a tornam única e que determinam suas escolhas, suas analises. E estudar fatos que ocorrem dentro de uma sociedade feita por humanos é ainda mais difícil para alcançar uma neutralidade. Por esses motivos é impossível exigir de alguém que realize uma analise completamente objetiva, pois até no ato de escolher entre um e outro objeto já revela certa parcialidade.
Outro ponto defendido pelo autor é que não existe o “agir individual”, todas as nossas ações são impelidas pelo nosso convívio social. O individualismo é uma ideia muito disseminada na sociedade atual e acaba por afastar as pessoas uma das outras e isso é muito interessante para o sistema, afinal como ter resistência em fragmentos? Por mais que seja muito difícil afirmar que não exista nenhuma individualidade, aceitar que por conta de características e vivências que pessoas têm em comum, elas agem e são oprimidas de formas parecidas, pode oferecer resistência para que realmente ocorram mudanças. Vale ressaltar também o papel das redes sociais quando se trata de individualismo X coletividade, que na verdade é bem ambíguo, pois ao mesmo tempo em que permite o individuo exponha sua suposta individualidade, elas também facilitam o encontro de pessoas que possuam ideologias parecidas.

Portanto, a frase “cada um vê com os olhos que tem” se encaixa tão bem com as teorias de Durkheim, como refuta em parte elas, porque ao mesmo tempo que ela admite a influência da sociedade em que o individuo está inserido em suas ações, ela também pode se referir a individualidade de cada um no seu modo de enxergar o mundo. 

MARIA CLARA TEIXEIRA AGUIAR, 1º ANO/NOTURNO 

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