Confonto das visões mecanicista e sistemática da realidade

O filme "O ponto de mutação", 1990, traz as questões filosóficas abordadas por seu livro de nome homônimo de 1983 escrito por Fritijof Capra. O enredo do filme se passa em uma ilha da França onde se encontram durante um passeio por ela: uma física, Sonia, frustada com a aplicação que suas descobertas científicas tiveram, área militar e não medicinal como havia idealizado; um candidato à presidência dos EUA, Jack, que não consegue definir exatamente a diretriz de sua campanha; e seu amigo de longa data um poeta, que possui uma visão crítica do mundo depois de ter passado por uma grande desilusão amorosa.
Durante a jornada dessas três pessoas críticas da realidade a visão cartesiana, mecanicista, defendida pelo político, é confrontada com a visão sistemática de mundo adotada pela cientista. Enquanto a perspectiva mecanicista aborda a realidade em fragmento tratando o problema por seus sintomas não causa, a sistemática enxerga o mundo como uma cadeia de acontecimentos que não podem ser fragmentados, que devem ser tratados em sua totalidade para que só assim problemas reais da sociedade possam ser solucionados.
A partir do confronto de ideias o enredo do filme proporciona com que o espectador reflita quanto como se posicionar diante de problemas sociais diários, como cobrar os políticos quanto a soluções, sendo que esses possuem de fato poder ou são meros representantes de grandes empresas. Inúmeros questionamentos são levantados durante a história e diferentes visões são apresentadas sem serem impostas ao espectador, deixando-o livre para construir sua própria visão crítica.
                             
                                                                   Júlia Barbosa, 1ºano de direito matutino.

Reforma no pensamento para a construção de um novo mundo

          O físico analisa o mundo através da razão e tenta entender seu funcionamento. O poeta admira o mundo através do sentimento e busca interpretar sua experiência. O político vê o mundo com a praticidade de quem precisa apenas de medidas aplicáveis. E apesar de tantas diferenças, há algo em comum entre eles: o mundo. Existem inúmeras maneiras de interpretar uma única realidade. O melhor caminho, entretanto, para solucionar as enfermidades do mundo é não limitar-se a uma visão confortável a sua posição.
          No filme Ponto de Mutação, uma física, um poeta e um político trocam informações e opiniões acerca de uma crise global. Esta, a qual chamam de “crise de percepção”, consiste na falta de abrangência da análise e entendimento humanos, o que impossibilita a solução dos problemas vigentes.
          Faz-se necessária a superação do método cartesiano, importante a sua época mas ineficiente na atualidade. Para Descartes, era necessário analisar as partes para entender o todo, vendo a natureza como uma máquina. O mundo, porém, é uma união de sistemas, todos conectados, que precisamos tratar em sua plenitude.
          Das ideias contidas no filme, podemos abstrair vários exemplos atuais. Na área do direito, pode-se citar a superpopulação carcerária, problema que alguns teimam em resolver com a construção de novas penitenciárias. Entretanto, a real solução encontra-se em outros campos, como educação e economia.
          Enquanto a visão mecanicista vigorar em detrimento da visão sistêmica, as soluções serão, na verdade, “quebra galhos”.


Gabriela Fontão de Almeida Prado, 1º ano de direito diurno.