Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
sexta-feira, 25 de março de 2016
Confonto das visões mecanicista e sistemática da realidade
O filme "O ponto de mutação", 1990, traz as questões filosóficas abordadas por seu livro de nome homônimo de 1983 escrito por Fritijof Capra. O enredo do filme se passa em uma ilha da França onde se encontram durante um passeio por ela: uma física, Sonia, frustada com a aplicação que suas descobertas científicas tiveram, área militar e não medicinal como havia idealizado; um candidato à presidência dos EUA, Jack, que não consegue definir exatamente a diretriz de sua campanha; e seu amigo de longa data um poeta, que possui uma visão crítica do mundo depois de ter passado por uma grande desilusão amorosa.
Durante a jornada dessas três pessoas críticas da realidade a visão cartesiana, mecanicista, defendida pelo político, é confrontada com a visão sistemática de mundo adotada pela cientista. Enquanto a perspectiva mecanicista aborda a realidade em fragmento tratando o problema por seus sintomas não causa, a sistemática enxerga o mundo como uma cadeia de acontecimentos que não podem ser fragmentados, que devem ser tratados em sua totalidade para que só assim problemas reais da sociedade possam ser solucionados.
A partir do confronto de ideias o enredo do filme proporciona com que o espectador reflita quanto como se posicionar diante de problemas sociais diários, como cobrar os políticos quanto a soluções, sendo que esses possuem de fato poder ou são meros representantes de grandes empresas. Inúmeros questionamentos são levantados durante a história e diferentes visões são apresentadas sem serem impostas ao espectador, deixando-o livre para construir sua própria visão crítica.
Júlia Barbosa, 1ºano de direito matutino.
Reforma no pensamento para a construção de um novo mundo
O
físico analisa o mundo através da razão e tenta entender seu
funcionamento. O poeta admira o mundo através do sentimento e busca
interpretar sua experiência. O político vê o mundo com a
praticidade de quem precisa apenas de medidas aplicáveis. E apesar
de tantas diferenças, há algo em comum entre eles: o mundo. Existem
inúmeras maneiras de interpretar uma única realidade. O melhor
caminho, entretanto, para solucionar as enfermidades do mundo é não
limitar-se a uma visão confortável a sua posição.
No
filme Ponto de Mutação, uma física, um poeta e um político trocam
informações e opiniões acerca de uma crise global. Esta, a
qual chamam de “crise de percepção”, consiste na falta de
abrangência da análise e entendimento humanos, o que impossibilita
a solução dos problemas vigentes.
Faz-se
necessária a superação do método cartesiano, importante a sua
época mas ineficiente na atualidade. Para Descartes, era
necessário analisar as partes para entender o todo, vendo a natureza
como uma máquina. O mundo, porém, é uma união de sistemas, todos
conectados, que precisamos tratar em sua plenitude.
Das
ideias contidas no filme, podemos abstrair vários exemplos
atuais. Na área do direito, pode-se citar a superpopulação
carcerária, problema que alguns teimam em resolver com a construção
de novas penitenciárias. Entretanto, a real solução encontra-se em
outros campos, como educação e economia.
Enquanto
a visão mecanicista vigorar em detrimento da visão sistêmica, as
soluções serão, na verdade, “quebra galhos”.
Gabriela Fontão de Almeida Prado, 1º ano de direito diurno.