terça-feira, 8 de novembro de 2016

Já dizia o poeta Sérgio Vaz “Chega de convites para enterros e presídios, quero convites para assistir formaturas”.


Esta é a realidade factual da população negra, onde seus gritos e clamor ressoam; mas são silenciados, institucionalizados por vozes, por olhares que petrificam à sociedade, são como o canto da sereia em “Odisseia”, de Homero. Marujos, tapem seus ouvidos, o canto destes- os negros- são dissonante à nossa realidade.
A mera explanação por meio de uma metáfora é só um breve introdução da situação dos negros. Visto que, sabemos de sua existência, mas parece que queremos apagá-los da história, retirá-los como integrantes da construção da identidade brasileira, colocá-los à reclusa e os invisibilizam. Pois bem, atribuiu-se um sentimento de não pertencimento social aos mesmos; esse discurso de cor, já se sabe de cor. O seguinte excerto, apresenta o clamor e luta diária dos negros por respeito e direitos, pois estamos falando em mais de :

“Mas mesmo assim
Ainda guardo o direito
De algum antepassado da cor
Brigar sutilmente por respeito
Brigar bravamente por respeito
Brigar por justiça e por respeito
De algum antepassado da cor
Brigar, brigar, brigar”
“ A Carne” Elza Soares
As divagações acima servirão como guia na compreensão básica da problemática contemporânea a ser exposta e analisada: a questão das cotas raciais. De um lado tem-se um discurso de uma realidade construída e um tanto quanto ficcional, um ideário de que o racismo não existe e que se falarmos sobre estaremos reforçando o mesmo, se reconhecermos que há uma classe que foi e é subjugada pela cor e que  seus resquícios históricos-culturais estão engendrados na sociedade, estaremos reforçando o mesmo, a materialização da democracia racial - um mito como o conto da sereia.
Em contrapartida, por via de uma breve análise histórica, sem muito aprofundamento aos que se omitem a enxergar a realidade dita e posta: estamos falando de um povo que está há muito tempo, desde dos primórdios da colonização do Brasil, designados à escravidão. Esta última “acabou” burocraticamente, mas como foi na prática? Uma inserção dos negros à sociedade? Não, eles foram deixados à mercê e estão até hoje! Acreditar que o racismo não existe é silenciar os negros, é isolarem-os na periferia, é marginaliza-los, e torná-lo mais estrutural. E onde entra as cotas raciais? Ela está em uma das medidas de reinserção e de oportunidades aos negros à sociedade...Pois como apresentado no título ““Chega de convites para enterros e presídios, quero convites para assistir formaturas”.



Maria Clara Silva Laurenti - 1° ano - Diurno

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