terça-feira, 6 de setembro de 2016

Profissão repórter

O primeiro dia de Weber na redação
"Essa é sua mesa, rapaz. E vá buscar um café"
Demorou a começar a escrever
Só observava
O ambiente, a produção
Os colegas e suas ações
Mas quando começou
"O que é isto?! Esse jornal é sério, filho, não podemos publicar algo assim"
Fora um erro crucial
Explicou a motivação religiosa das ações do ISIS
"Terroristas! Não podemos publicar isso. Isso fere nossos princípios"
Achei que fosse imparcial, pensou
E pintou-os de terroristas
(Como lhe foi exigido)
Mas, na próxima semana,
Mais uma chamada
"O que é isso?"
E foi assim com
Política
Religião
Protestos
Manifestação
Tráfico de drogas
Prostituição
Casamento gay
("Aberração!")
Massacres na favela
Em defesa da nação
E com qualquer coisa
Que se eximia de opinião
O pobre Weber era obrigado
A modificar sua visão
Entendia o jornalismo
Como meio de informação
E tentava, imparcialmente,
Explicar a cada ação
Como um cientista com experimento
Sem qualquer doutrinação
Mas a cada texto seu
Era escândalo na redação
Analisavam como unidade
O que era vários (em união)
E, um dia, depois de mais um sermão
Resolveu que passara a hora de esboçar uma reação
Deu um basta na cadeia de ideias preconcebidas e dedicou-se, de fato, aos fatos do estudo da vida
E foi assim que Weber
Estudando cada ação
Caiu na realidade
E se livrou da nomologia
Definindo a sociologia
Como a falta de opinião
{Mesmo que algum coxinha
Escrevesse sobre manifestação
Deveria sempre fazê-lo
Ocultando (no possível) a sua visão
Porque nada é tão pessoal
Que não seja explicado com razão}

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