terça-feira, 6 de setembro de 2016

As ações sociais na contemporaneidade

Concordando-se ou não com sua visão, é impossível não dizer que Max Weber ao menos foi um sociólogo que se distanciou e se diferenciou muito das perspectivas de seu tempo. Enquanto tratava-se a ciência como estritamente neutra e objetiva, abordou a subjetividade da mesma devido ao aspecto cultural; enquanto cada vez mais se buscavam dogmas ou leis como fins para se reger os fenômenos sociais, os rejeitou quando eram colocados dessa forma; enquanto outros pensadores buscavam uma visão geral e macro da sociedade em que viviam, valorizou o indivíduo.

Na sua valorização do indivíduo e conceituação dos tipos possíveis de ação social, reside um ponto do pensamento weberiano que ajuda a compreender inúmeros aspectos do mundo contemporâneo justamente por permitir a visão de que toda grande ação social não é simplesmente um fluxo coletivo, mas é, antes, guiada pelas aspirações individuais de cada um que as compõe, estando essas orientadas em único sentido.

Assim, nossas aspirações são peça-chave para entender tanto as nossas próprias ações quanto as que participamos de maneira coletiva. Exemplo: se tomarmos como exemplo de ação meramente individual o voto, podemos pensa-lo na forma de exercê-lo de acordo com os diferentes tipos de ações sociais. Se realizado por meio do exercício de leitura atenciosa do debate político e afinidade ideológica, se estará sendo racional (ainda que se possa fazê-lo com ressalvas e utilizando a democracia para alcançar o cumprimento real das promessas de campanha ou simplesmente se engajando e apoiando irrestritamente tudo que se dará pela eleição do candidato). Se realizado por meio da reação psicológica que se teve mediante a fala ou o programa de um candidato (como nos casos dos grandes líderes políticos), se estará sendo emocional, ao passo que, caso busquemos nos candidatos uma identificação com nossas crenças ou dogmas (como os religiosos), estaremos sendo tradicionais.

O mesmo vale para quando pensamos em ações coletivas como os movimentos sociais, por exemplo. Quando todos os indivíduos se encontram inseridos dentro de um movimento social para a exigência da efetivação de suas demandas – bem demarcadas -, tem-se a racionalidade (como nos primeiros momentos das Jornadas de Junho, com a luta contra o aumento na tarifa de ônibus), enquanto quando se tem a participação somente pelo calor da ação do movimento social, tem-se a ação pela emoção (a continuidade das Jornadas de Junho de forma dispersa após os grandes dias de manifestação). Por fim, quando estes movimentos são voltados para a sustentação de crenças ou costumes, percebe-se a tradicionalidade, como com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, mais característica das manifestações que antecedem o estabelecimento do golpe militar de 1964.

Dessa forma, a incompreensão de grandes fenômenos sociais pode se dar pela utilização do método tradicional de, por os considerar como coletivos e de grandes proporções, tentar os observar de uma forma única e massiva, quando na verdade a resposta pode justamente estar no sentido dado por cada um dos inúmeros indivíduos que ali se faz presente e que, em suas motivações específicas, acreditou naquela ação social, a qual acabaria crescendo e ganhando sua devida proporção. Para todo fim, a resposta está no indivíduo.

Luiz Antonio Martins Cambuhy Júnior
1º Ano – Direito Matutino

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