terça-feira, 6 de setembro de 2016

Análise weberiana da realidade social

         Como a maioria dos outros sociólogos, Max Weber procura instituir e definir a sociologia como ciência perante todas as outras, criando um terreno de credibilidade na análise e compreensão sociológicas, bem como seu papel, a interpretação do sentido da ação social. Havia a necessidade de tal definição, pois, para ele, as análises estavam tomando teor político e não empírico, o que afastava a sociologia da ideia de ciência. Weber acreditava que as ciências sociais não devem apontar quais os caminhos os seres deveriam seguir, mas sim explicar, a partir do seu entendimento, o que pretendem fazer. Podendo ser interpretado como uma crítica ao “determinismo” do materialismo dialético, uma vez que a sociologia deve ser uma crítica e uma análise da realidade e não enunciar leis.
         Define a ação social como um ato do indivíduo que carrega sua visão da sociedade (expressão de seus valores), correlacionadas formam uma relação social, ou seja, a realidade social. Weber propunha que o conhecimento do todo, do cenário social, não é suficiente para supor a ação dos indivíduos, esta, na verdade, é o ponto de partida, não de chegada. Quando compreende-se a ação dos indivíduos, pode-se entender os valores de cada um. Assim, a sociologia irá compreender a relação social dos indivíduos e seus valores, à luz de várias perspectivas, não somente a econômica (modo de produção - marxismo), pois as ações possuem infinitas probabilidades. Dir-se-á o que é a compreensão social, quando entendido o que moveu os indivíduos, o seu porquê; desta forma, ele propõe analisar as coisas a partir do valor que os indivíduos possuem, estes investigados segundo sua realidade. Então, o sociólogo deve empenhar-se nas divergências entre os significados das ações sociais, impregnadas de aspectos históricos e acumuladas de experiências próprias, chama isso de objetividade mínima.
         Destarte, Weber estabelece tais preceitos para que a sociologia pudesse livrar-se de juízos de valores que muito acometem as ciências humanas em geral, devido à dificuldade do afastamento entre observador e objeto, deste modo a a realidade social poderá ser entendida em qualquer lugar do mundo, desde o Ocidente até o Oriente. Não busca uma neutralidade, simplesmente uma objetividade ao explicar o valor alheio.  
           Com isso, a base metodológica e científica de Weber pode ser comparada e aplicada a questões atuais, como as diversas vezes em que ações sociais são mal interpretadas e pré-julgadas, vistas através do véu da desinformação, sem entender de fato o que acontece em cada cultura e seus valores. Por exemplo, o terrorismo que não representa a realidade de todos os muçulmanos e árabes, mas são todos alvo de xenofobia, intolerância e preconceito; já que suas realidades são desconhecidas, os fatos não são completamente levantados em questões políticas e históricas com intervenções ocidentais, governos ditatoriais, distorção da religião, heterogeneidade demográfica, etc. É desta forma que nasce o ódio, culminando numa guerra.
           Ademais, não é necessário ir tão longe da sociedade brasileira, pois esta contém diversos casos tal como este, em que as realidades são julgadas superficialmente sem entender profundamente os valores e motivos de cada um, o racismo, o machismo, a xenofobia, a homofobia são problemas que possuem exemplos claros de pré-julgamento infundado da realidade dessas classes. Portanto, a análise de cada ação social deve proceder o entendimento específico de cada uma através de diversas perspectivas, para que chegue-se a uma constatação científica das causas de cada questão e então agir sobre, evitando más interpretações e consequências irreversíveis.

Henrique Mazzon - Direito Noturno

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