domingo, 4 de setembro de 2016

A compreensão para Weber

Max Weber foi um intelectual alemão fundador da Sociologia Compreensiva. Quando observamos o século XIX, temos na França o Iluminismo, o predomínio da razão e do universal, levando assim à corrente do Positivismo e do Funcionalismo. Já na Alemanha, com o Romantismo, a superioridade da emoção e do particular, Weber surge rompendo com o Positivismo e criando a Sociologia Compreensiva.
A Ação Social é um conceito criado por Weber e pode ser definido como um comportamento humano orientado pelas ações de outros, isto é, todo comportamento cuja origem depende da reação ou da expectativa de reação de outras partes envolvidas. Ou seja, as relações que travamos é que dizem o que vamos fazer ou não.  Assim, a realidade seria a relação social (ações sociais de vários indivíduos). A ação social é classificada em quatro tipos: ação racional com relação a um objetivo, ação racional com relação a um valor, ação afetiva e ação tradicional. Analisando esta última em específico, a ação tradicional, que pode ser entendida como aquela estimulada por hábitos, costumes e crenças, percebemos evidentemente como ela se aplica na atualidade, quando observamos, por exemplo, o crescimento cada vez maior da bancada evangélica no Congresso. São muitos os que votam em candidatos políticos por causa de sua manifestação de fé, provocando assim o grave erro de misturar religião e política e trazendo como consequência projetos absurdos como a “cura gay” e o Estatuto da Família. Além da ação social, temos o conceito de Tipo Ideal, que segundo Weber, é uma ferramenta metodológica para a análise, sendo algo que é construído como referência a partir do conhecimento científico disponível, servindo como parâmetro e não existindo na realidade.
Weber critica a ideia determinista de ciência e o materialismo histórico e traz uma influência muito importante para a Sociologia que é o combate ao juízo de valor quando o sociólogo analisa uma situação, defendendo a neutralidade da pesquisa social empírica. Na sociologia weberiana leva-se em conta a ação individual, mesmo quando se analisa entes coletivos. Para ele a função essencial da sociologia é a compreensão do sentido da ação social, ação essa que é individual e influencia o coletivo. Segundo a sociologia compreensiva, é necessário compreender o valor do outro, isto não condiz em justificar os atos do indivíduo, mas sim compreender o que está por trás dele, o que o move. Desta forma, podemos relacionar isso com o caso do ônibus 174, a tragédia ocorrida em 2 de junho de 2000 onde um homem chamado Sandro sequestra e mantem reféns em um ônibus no Rio de Janeiro. É preciso compreender a vida do garoto que aos oito anos de idade presenciou o assassinato de sua mãe, que nunca teve noticias do pai e foi morar na rua ainda criança, estando presente na chacina da Candelária. Isto não significa justificar a tragédia que ele provocou, mas entender o que o levou a ter tal atitude e não simplesmente julgá-lo. Como dito na sociologia de Weber: compreender.


Ana Paula Mittelmann Germer- Direito noturno

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