sábado, 20 de agosto de 2016

Um método revolucionário, vivo e atual

Diante da permanência das injustiças e calamidades sociais após o advento da Revolução Francesa surgem mais teorias que visavam suprimir a exploração do homem pelo homem que há séculos se estabelecera. No entanto, tais tentativas se limitavam ao reformismo, a críticas pontuais à exploração e a experiências restritas. Para dar a luz da ciência às idéias socialistas e possibilitar a aplicação efetiva e ampla desse sistema socioeconomico, Marx e Engels propõem um método revolucionário de análise da realidade, o materialismo histórico dialético. 
Ao contrário do idealismo hegeliano, a captura da realidade deve partir do material para a ideia e a partir da observação do concreto, a perspectiva marxista analisa as contradições inerentes ao capitalismo e evidencia que a produção é a base de toda ordem social. É alicerçando-se no modo de produção que são definidas a distribuição dos produtos e a divisão dos homens em classes. Ou seja, proprietários da terra de um lado e servos do outro; detentores dos meios de produção em um extremo e aqueles que vendem a sua força de trabalho no pólo oposto. Desse movimento antagônico, dialético surgem as mudanças e, por isso, Marx afirma que ‘’a luta de classes é o motor da história’’. 
Desde a transição da sociedade feudal para a sociedade capitalista essa luta- de forma velada ou escancarada- se dá entre burgueses e proletários, a classe dominante subjuga e explora a segunda, principalmente, pela detenção da mais valia e pela dominação ideológica, a qual naturaliza a desigualdade socioeconômica. No entanto, Marx observa que o mundo tende à progressiva ‘’proletarização’’, com uma burguesia cada vez mais minoritária. Assim- ao contrário das antíteses anteriores, como os servos e escravos- a classe proletária se estende a todos os cantos do planeta, falta apenas a condição histórica onde as contradições inerentes ao capital não se sustentarão e a classe operária assumirá, enfim, o controle do Estado e dos meios de produção. Para Marx e Hegel o socialismo e o sua síntese final o comunismo são, portanto, inevitáveis. Sendo inevitáveis, o capitalismo é- nessa perspectiva- uma fase transitória e necessária para o caminho à etapa histórica final, na qual as forças produtivas servirão para a redução do trabalho humano e a humanidade, de fato, se emancipará.

Um exemplo atual, dentre os inúmeros, dessa força da união proletária e da luta de classes descritas por Marx foi a greve dos garis no Rio de Janeiro. Os oito dias de paralisação- em prol de salários menos indignos e de condições salubres de trabalho- apavoraram a classe burguesa que- numa atitude desesperada- aceitou a proposta de reajuste. A partir desse resultado, confirma-se a afirmação de Marx sobre a impossibilidade de emancipação real dentro do capitalismo: na vigência do Estado burguês o máximo que o operário consegue são algumas conquistas, como aumento salarial, décimo terceiro, mas a exploração permanece. Ademais, essa greve mostrou o poder da união operária, a vivacidade do marxismo e quanto à burguesia treme quando os proletários adquirem, por alguns instantes, consciência de classe.


                Juliana Inácio- Direito noturno                       
                                                                      

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