terça-feira, 23 de agosto de 2016

Marx Vive

Durante muito tempo, Karl Marx foi um dos poucos autores que se preocupou com os fenômenos das crises econômicas, considerando-as inevitáveis e inerentes ao sistema capitalista. A maioria dos economistas insistia na capacidade harmonizadora do mercado, relegando as crises a um segundo plano. Na teoria de Marx, as crises revelam a emergência da dimensão negativa de um sistema marcado pela contradição. Hoje, os olhares de estudiosos e economistas se voltam para o pensamento do autor.
Mas se a política da esquerda no futuro será inspirada uma vez mais nas análises de Marx, como ocorreu com os velhos movimentos socialistas e comunistas, isso dependerá do que vai acontecer no mundo capitalista. Isso se aplica não somente a Marx, mas à esquerda considerada como um projeto e uma ideologia política coerente. Posto que a recuperação do interesse por Marx está baseada na atual crise da sociedade capitalista, a perspectiva é mais promissora do que foi nos anos noventa. 
A atual crise financeira mundial dramatiza o fracasso da teologia do livre mercado global descontrolado e obriga, inclusive o governo norte-americano, a escolher ações públicas esquecidas desde os anos trinta. As pressões políticas já estão debilitando o compromisso dos governos neoliberais em torno de uma globalização descontrolada, ilimitada e desregulada. Em alguns casos, como a China, as vastas desigualdades e injustiças causadas por uma transição geral a uma economia de livre mercado, já coloca problemas importantes para a estabilidade social e mesmo dúvidas nos altos escalões de governo. 
É claro que qualquer retorno ao pensamento marxista será essencialmente um retorno à análise de Marx sobre o capitalismo e seu lugar na evolução histórica da humanidade – incluindo, sobretudo, suas análises sobre a instabilidade central do desenvolvimento capitalista que procede por meio de crises econômicas autogeradas com dimensões políticas e sociais.

Mauricio Vidal Gonzalez Polino 
Direito/Noturno

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