terça-feira, 23 de agosto de 2016

Entretenimento pós-moderno e Marx

Somos cada vez mais dominados pela força onipresente do mercado. Marx e Engels já diziam, há séculos, que o mercado domina a vida e também domina a morte. Os meios de produção seriam a base da sociedade capitalista; a chamada infraestrutura e tudo acima seria comandado por ele (como o direito, forma de manutenção da ordem). É interessante perceber como a teoria de Marx continua atual, pois a própria constituição federal do Brasil apresenta artigos que garantem a proteção do livre mercado e da propriedade privada, demonstrando como o próprio Direito não é um mecanismo revolucionário até hoje; mas um mecanismo para se manter o status quo.

O mercado, além de explorar, acaba por ditar as relações sociais e o que é ‘’inútil’’ e o que é ‘’necessário’’. Hoje, para o mercado, o ‘’necessário’’ seria a troca constante de produtos que você não precisa; como celulares mais ‘’tops’’, que são incentivados através da obsolência programada.  A forma mais forte em que se expressa a exploração pelo mercado é a mais-valia; captação do excedente de trabalho em forma de lucro. Penso que, na atualidade, o mais-valia aparece de outras formas além das formas clássicas descritas por Marx.  No site Youtube, por exemplo, há pessoas que conseguem seu sustento pela criação de entretenimento audiovisual e pela retenção da atenção do público. Ora, se considerarmos o ‘’youtuber’’ como o patrão, e o espectador como um ‘’trabalhador’’, e considerando que a renda desse youtuber provém do tempo em que ele é assistido (tempo de trabalho desses ‘’trabalhadores’’), então  se esse youtuber conseguir fazer o espectador assistir seus vídeos por mais tempo utilizando-se de táticas que careçam de um esforço adicional muito grande por parte do patrão (youtuber) , ele estaria praticando uma espécie de mais-valia , lucrando através do tempo a mais assistido (‘’trabalhado’’) pelos seus ‘’trabalhadores’’. Ainda é chocante perceber o quanto o próprio sistema do youtube se assemelha ao capitalismo industrial da época de Marx, pois em um canal de vídeos podem haver milhões de seguidores que são vistos, pela maioria dos criadores de conteúdo (‘’patrões’’), como apenas ‘’um número’’, uma massa de manobra, que possui uma única finalidade: a arrecadação de renda para o patrão/youtuber. Isso vale também para várias outras formas de entretenimento; como o rádio e a televisão. O mercado pode até mudar a forma como é vista as relações sociais e de trabalho, mas a base exploratória continua a mesma.


Dessa forma, a teoria de Marx mesmo feita há séculos, ainda se encontra em toda parte em nosso cotidiano, quer nós percebamos ou não. Provavelmente Marx, se estivesse vivo hoje, mudaria muito pouco de sua teoria e de sua análise histórica. As tecnologias evoluem, as ciências avançam, mas o mercado, o lucro e as relações de dominação continuam e sempre continuarão supremos enquanto o sistema adotado for o capitalismo.

André Luís de Souza Júnior - 1º Ano Direito Noturno UNESP

Nenhum comentário:

Postar um comentário