terça-feira, 9 de agosto de 2016

Coerção social na sociedade

   Émile Durkheim foi um filósofo e sociólogo francês nascido em 1858, que dedicou boa parte de sua obra para o estudo e a análise dos fatos sociais, uma vez que o entendimento destes é fundamental para o entendimento da própria sociedade. Segundo Durkheim, fato social é tudo aquilo que é independente e exterior ao indivíduo, e exerce coerção sobre o indivíduo. Para o pensador, os fatos sociais devem ser estudados como coisas, e é fundamental compreender a prevalência da sociedade sobre o indivíduo.
   Na visão de Durkheim, a crença na individualidade de cada pessoa é uma ilusão, pois o que prevalece sobre todos os indivíduos é a consciência coletiva. Para o sociólogo, a acomodação às regras impostas pela sociedade nos leva a acreditar que alguns sentimentos são frutos da nossa individualidade, mas na realidade são disposições engendradas pelo social. Dessa forma, o estudo das ideias de Durkheim contradiz o senso comum de que a religião, o casamento e a família são inerentes ao homem, concluindo que essas três coisas não passam de fatos sociais, ou seja, são impostas aos indivíduos pela sociedade, e estes as aceitam por simples coerção social. Portanto o pensamento de Durkheim também afronta a concepção muito frequente de que a religião, o casamento e a família compõe a base da sociedade, concluindo que estes elementos são apenas resultado da organização coletiva.
   O conceito de coerção social é fundamental para se entender as ideias de Durkheim. Para ele, as regras impostas pela sociedade são coercitivas, e mesmo quando não são exigidas pela lei, são acatadas pela simples impossibilidade de se fugir a elas. Para Durkheim, a coerção se torna mais evidente quando o indivíduo tenta resistir às normas sociais. Portanto a função da educação na sociedade seria a de moldar o ser social, interiorizando nele, aos poucos, as regras que devem ser seguidas, impondo visões e comportamentos aos quais não se chegaria espontaneamente. Ao se fazer uma análise da sociedade, de acordo com o pensamento de Durkheim, conclui-se que os indivíduos possuem apenas uma liberdade aparente, ilusória, pois na realidade todos estão submetidos às regras e aos padrões da sociedade. O indivíduo que tenta resistir às normas sociais é punido, sempre com a justificativa da necessidade de se restabelecer a ordem. A força da coerção social não está na simples imposição de normas, mas sim em implantar no indivíduo a ideia de que seguir determinados comportamentos e padrões é algo bom para ele próprio, enquanto na realidade ele apenas age em prol da manutenção da sociedade como ela é. 

Rafael Carpi Baggio                     1° ano de Direito - Diurno  


Nenhum comentário:

Postar um comentário