segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A disfuncionalidade das instituições

Quando a educação funciona ela forja indivíduos aptos ao universo produto da sociedade capitalista, forja indivíduos dentro de uma moral que condiz com a ética dessa sociedade (respeita a propriedade, os contratos e os direitos humanos – do ponto de vista teórico), seu modo de conduta dificilmente o levará a um comportamento longe da moral republicana ou religiosa, ainda que ele possua desejos fora destes aspectos. Tornando o indivíduo funcional em muitos aspectos dentro dessa sociedade.

Mas o que acontece quando, não apenas a educação, mas diversas instituições dentro de uma sociedade não funcionam da maneira adequada, ou esperada? A disfuncionalidade da educação pode gerar uma massa de manobra, causar alienação, inserção de profissionais não capacitados no mercado de trabalho e principalmente, contribuir para a manutenção do sistema impedindo a alternância de poder. Se o indivíduo não serve para a produção, não serve para pensar, em uma sociedade que depende de engrenagens que aprimorem permanentemente as relações de trabalho e de produção, o que acontecerá com esse indivíduo? Suas próprias ações serão disfuncionais em relação ao resto da sociedade, entrando em uma espiral de marginalidade diversa e se alienando cada vez mais.


A disfuncionalidade não se restringe apenas à educação, ela ocorre quando apenas uma parte da sociedade está funcionando dentro do modelo esperado, questão comum no direito atual. O mau funcionamento de uma instituição tão importante para a prosperidade da sociedade, pode ser apontando como umas das principais causas de um problema muito comum atualmente, os linchamentos. A aplicação de uma punição serve para projetar para a sociedade que aqueles que ameaçarem a sua coesão sofrerão restrições, a falta dessa repreensão para aqueles que não respeitam essa condição gera uma sensação de impunidade. Fazendo com que a necessidade de que algo seja feito apareça, e como a instituição responsável por isso não age da forma que grande parte dela espera, a população age por conta própria, a fim de manter a ordem usual para a população que concorda com isso. O mais importante da pena não está no indivíduo que a sofre, mas sim em mostrar para os demais o que acontece em caso de transgressões. 

Camilla Bento Lopes - Direito Noturno 

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