segunda-feira, 18 de abril de 2016

Auriverde pendão brasileiro: contestação da realidade nacional

A filosofia positiva elaborada por Augusto Comte num período de desenvolvimento técnico-industrial europeu baseia-se na tentativa de interpretar e controlar a sociedade, sedenta por uma corrente de pensamento que explicaria, ou até justificaria, a ordem vigente - a submissão do proletariado. À título de legitimação, destaca-se associação entre trabalho e honra, que reforça a aceitação dos "lugares sociais".

Nesse sentido, o Positivismo, cujos precursores são Descartes e Bacon, apresenta-se como verdade universal incontestável: dentre os três estágios (teológico, metafísico e positivo, respectivamente) de construção conhecimento apresentados por Comte, o último personifica-se no amadurecimento do entendimento dos fenômenos sob uma perspectiva cognitiva científica da "nova ciência", única capaz de promover o progresso e de transformar a sociedade num paraíso cientificista ao findar o "anarquismo intelectual".

À luz do exposto, o superficialismo positivista revela-se na primazia da busca da vinculação dos fenômenos em relação à busca da essência desses, considerada como "insolúvel". Tal quadro reflete a construção de uma das bases do pensamento da física social: a elaboração de leis universais que regem a sociedade. Nisso encontra-se um provável pecado de Comte: o trato da sociedade como um objeto de estudo redutível à simplicidade e ao regimento por leis universais.

Além disso, o pensamento positivista de coesão social e de sobreposição da sociedade sobre o homem traz consigo uma ideologia perigosa: o elemento desagregador, que desvincula-se da moral humana, é nocivo ao tecido social e ao bem público -ao qual está vinculada a ideia de felicidade.

Transpondo-se o exposto para o contexto tupiniquim, após a proclamação da República do Brasil, adotou-se uma nova bandeira para afirmar a queda do Império. Marco da influência da filosofia positivista, o pedaço de pano é estampado pelo lema nacional "Ordem e Progresso". Contudo, ambas leis da sociedade podem ser danosas à realidade nacional: somos uma nação plural e que não deve ser submetida à uma perspectiva simplista e excessivamente cientificista. 


Luiz Henrique Garbellini Filho - 1º ano diurno

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