segunda-feira, 18 de abril de 2016

A razão também é ideológica.

“O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim". O lema positivista de Augusto Comte, percursor desta corrente filosófica, exprime de maneira categórica o conteúdo base da filosofia positiva, contido em duas palavras-chaves: progresso e ordem.

Imerso em uma Europa da primeira metade do século XIX, arrasada por insurreições sociais, crises políticas e econômicas, Comte busca alcançar a ordem por meio da sistematização da razão.  Esta sistematização parte da premissa de que a realidade deve ser interpretada sob a ótica do notável, sem um dever ser embutido, convergindo para a ideia baconiana de método científico.

Alcançada a efetivação da razão sistematizada a sociedade atinge por sua vez o estado de ordem mais potente, deixando para trás os estados teológicos e metafísicos (filosófico) podendo assim caminhar para o progresso, ou seja, a razão ou nesse caso a sua forma sistemática (ciência) assume o posto de motor da humanidade e não mais é aplicada restritamente, mas sim em todos os campos do conhecimento, incluído as ciências humanas.

Deste modo propõe-se que toda a interpretação da sociedade seja introduzida e analisada sob uma visão “imparcial” e que repouse na realidade palpável, obedecendo, portanto a razão.

Assim é afirmável que o pensamento positivista contribuiu para o estudo da sociedade de maneira científica, entretanto todo seu arcabouço teórico sofre com a impossibilidade de se alcançar a plena aplicação da ciência imparcial e racional na compreensão da sociedade e seus fenômenos, uma vez que nós humanos somos pesquisador e objeto ao mesmo tempo. No fim das contas toda interpretação passa pela lenta ideológica, antes ou depois da lógica.

Lucas Tadeu Ribeiro Efigênio
Direito - Noturno 


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