sexta-feira, 11 de março de 2016

DICOTOMIA PERMANENTE

Desde os primórdios, a dicotomia razão-paixão faz-se responsável por suscitar inúmeros debates, em diferentes épocas, acerca da conduta do homem e de seus principais conhecimentos mundanos. Valendo-se dessa prerrogativa, na primeira metade do século XVII, a análise filosófica - e até epistemológica- de René Descartes contribuiu, fortemente, para o agravamento desse embate, principalmente por conta do caráter inovador e revolucionário de seus pensamentos. Estes, por sua vez, perduram até os dias de hoje, servindo para justificar determinados entraves sociais e políticos observados, a citar o aborto e o casamento homoafetivo.

Segundo o filósofo e matemático, qualquer informação deve ser, a todo instante, colocada em xeque por meio do questionamento imediato. A fragmentação do conhecimento permite ao homem, unico ser racional existente, contrapor os fatos e chegar a uma conclusão coerente, muitas vezes composta por princípios metafísicos, dado, por exemplo, que a existência de um (único) Ser superior e perfeito é assumida, frequentemente, pelo pensador. Há, dessa forma, uma transformação radical no metódo através do qual se deve enxergar e analisar a realidade presente.

No atual contexto da sociedade brasileira, esse confronto ideológico tem fomentado algumas discussões importantes. O aborto e o casamento homoafetivo, por exemplo, esbarram nessa polarização, no instante em que opõem sobrenatural, fé, religião e razão, ciência, experimentação. Dentro desse cenário, nota-se, portanto, a relevância da metodologia cartesiana, vertente bastante atuante e, ao mesmo tempo, julgada e/ou mal compreendida devido ao seu alto grau de complexidade. A dicotomia resultante, nessa direção, permanece tênue e contínua, mesmo tendo passado por diferentes estágios de difusão.

Bruno Medinilla de Castilho - aluno do 1º ano de Direito diurno.


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