segunda-feira, 21 de março de 2016

Ciência e transformação

Com o fim da Idade Média e a ascensão da classe burguesa, a cultura greco-romana foi profundamente explorada pelos novos pensadores e artistas que viam nos antigos um grandioso contraponto ao período medieval. A contribuição dos filósofos gregos para as mais diversas áreas do pensamento é incontestável e, até a atualidade, valorizada.

Os gregos, entretanto, atraíram a antipatia do inglês Francis Bacon. O filósofo moderno criticava a efetividade do pensamento antigo. Bacon não negava a riqueza dos debates filosóficos gregos, mas contestava a ineficácia desses em promover transformações estruturais na sociedade.

De que serve a mais completa compreensão da realidade humana se ela não produz qualquer instrumento de contestação da mesma? Bacon tinha essa preocupação que, séculos mais tarde, foi usada de forma semelhante pelo alemão Karl Marx para criticar a ciência que atendia aos interesses das classes dominantes.

Nos resta o questionamento: a ciência só é válida quando provoca a crítica à realidade dada? O saber - sabe-se - é libertador e pode levar à destruição das estruturas sociais em contestação. Posto isso, a ciência não pode se dar ao luxo de ignorar a realidade de completa desigualdade de direitos e oportunidades com que nos deparamos em sociedade e se manter distante de tudo isso.

Revolução e ciência andam juntas. O saber que aceita a neutralidade é infrutífero, para não dizer conivente com a realidade de desigualdade e opressão. Há muito a ser mudado em nossa sociedade e a ciência deve sim estar a serviço da transformação e da libertação humana.

Guilherme da Costa Aguiar Cortez - 1º semestre de Direito (matutino)

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