domingo, 20 de março de 2016

A desmistificação fragmentada de cada dia

Em sua obra denominada “Novo Organum”, o filósofo inglês Francis Bacon nos instiga a buscar a verdade com base na nossa experiência, alertando-nos sobre o risco das influências em face ao juízo da mente humana. Para tanto, precisamos livrar-nos de vícios, hábitos e conclusões já enraizadas graças aos ídolos, sejam eles quais forem: da tribo, da caverna, do foro ou do teatro. 
A experiência da vida anuncia o quão sombrio e real o mundo pode ser, provando que nem tudo é um mar de rosas. Assim aprendem as crianças, quando tomam conhecimento das verdades por trás de histórias como a fada dos dentes, o papai Noel ou o príncipe encantado - que dificilmente passa da fase de sapo. As coisas são mais complexas do que aparentam ser, e habituar-se a elas é fundamental para fazer uso de seu próprio juízo, tornando-se autônomo em suas conclusões, sem interferência de terceiros. 
Um dos aforismos que mais me chamou a atenção sobre o método foi o VI, no qual é considerado insensatez estimar que algo seja possível se a pessoa continua a utilizar-se de métodos já conhecidos, salvo quando ela tenta procedimentos inéditos até então. Uma analogia com fatos hodiernos é a "novidade" para o brasileiro quando descobriu-se que os empresários também podem ser corruptos, não somente os políticos. Essa desmistificação veio à tona com as investigações da Operação Lava Jato. 
Em suma, o pensamento empírico de Bacon transmite a mensagem de que o intelecto humano não é somente luz, pois sofre influência das vontades e dos afetos, donde se pode gerar a ciência que se quer, pois inclinamo-nos a ter por verdade o que preferimos ter. 


Letícia Felix Rafael, 1º ano - Direito (noturno)

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