domingo, 3 de maio de 2015

Bacon e A Poeta.

Através do Novo Organum
metaforou um britânico:
E se não usássemos instrumentos
nos trabalhos mecânicos?
Por causa de um plano ineficaz,
é que a ciência ainda fica pra traz!

Por que mantém-se teimosas
as empresas do intelecto,
se fica claro que é indevido
repetir o ''velho método''?
De novo, usar meramente
as forças nativas da mente?

Diga-me se Aristóteles
é confiável nas suas teorias,
em que primeiro vem a conclusão
e depois vem a pesquisa.

Buscamos mais soluções
onde delas há fartura,
quando seria a prevenção
a verdadeira cura.

Mantém-se o ‘’mechanistic view’’
sobre problemas globais,
mas a aplicação do método Cartesiano
ainda é efetiva para os problemas atuais?
O ser humano e o relógio,
merecem análises iguais?
Bacon e a poeta concordariam:
``we need a new way of understanding life``.







Ana Luiza Felizardo
XXXII turma de Direito
Período Noturno

Menos hipótese e mais experimentação

Menos hipóteses e mais experimentação

Em seus textos, Francis Bacon afirmava constantemente que o conhecimento e a busca pelo saber eram compostos de dois processos, sendo um deles a experiência, a qual ele julgava fundamental para que fosse possível chegar ao outro processo, a conclusão, formada pelo conjunto de intelecto, saber prévio e a experimentação.
            “Nem a mão nua nem o intelecto, deixados a si mesmos, logram muito. Todos os feitos se cumprem com instrumentos e recursos auxiliares, de que dependem, em igual medida, tanto o intelecto quanto as mãos. Assim como os instrumentos mecânicos regulam e ampliam o movimento das mãos, os da mente aguçam o intelecto e o precavêm.” (Bacon, Francis)
            Bacon se punha contrário a Aristóteles e os filósofos clássicos pois afirmava que estes chegavam a conclusões sem antes ter testado suas teorias em prática. Para ele, o método da dedução utilizado por estes filósofos não era válido, uma vez que a experimentação era fundamental para a concepção das ideias e as técnicas da filosofia grega tradicional eram compostas de muitas discussões teóricas que não eram de fato postas em prática.
            Os gregos, com efeito, possuem o que é próprio das crianças: estão sempre prontos para tagarelar, mas estão sempre prontos para tagarelar, mas são incapazes de gerar, pois a sua sabedoria é farta em palavras, mas estéril em obras.”(Bacon, Francis)
            As ideias de Bacon podem ser comparadas a expressão popular “Fale menos e faça mais”, que é usada no Brasil com um significado similar, referindo-se àquelas pessoas que dizem muito, mas que na realidade fazem poucas das coisas que afirmam, que é justamente a crítica realizada por Bacon em seus textos, de que a prática deveria ser levada tão a sério quanto o intelecto, e que sem ela, é impossível chegar a conclusões realistas.
“Fale menos e faça mais” serve como uma mensagem de Bacon aos filósofos tradicionais, dizendo-lhes que apenas suas discussões não são suficientes para a assimilação do conhecimento e que é preciso pôr suas ideias em prática para que sejam geradas conclusões.

          Juliana Novaes Bueno de Camargo
          1º ano – Direito Noturno

"Isso é fisica’’ "Não, isso é poesia’’



“Ponto de Mutação’’ é um filme de 1990, dirigido por Bernt Amadeus Capra. A obra nos apresenta personagens peculiares e adeptas a diferente visões de mundo; são três: a cientista, o político e o artista. Essas, mantêm um diálogo durante todo o filme, cada qual exprimindo sua perspectiva sobre os mais diversos acontecimentos e movimentos da vida, ou como se exprime na narração “a dança cósmica de criação e destruição’’.

A cientista, que supostamente deveria simbolizar a crença no método científico e apoiar a filosofia cartesiana, encontra-se desiludida: seu trabalho ao invés de usado para o bem da humanidade, fora subvertido. Portanto, agora permite que a natureza aja sobre ela – mera observadora- deixando de ser aquela que interfere na natureza (cientista). Descrê na vida resumida de modo mecanicista (metáfora das engrenagens de um relógio); ao contrário, ela propõe uma visão holística do mundo, garantindo que tudo o que o compõe esteja conectado. Acredita, então, que o mundo esteja passando por uma crise de percepção: as pessoas deveriam olhar de forma preventiva – e não remediável - para as situações a fim de reduzir prejuízos.

Para refutá-la existe o político, um homem que dentro de seu individualismo, não consegue libertar-se de uma visão superficial dos fatos. É assim descrito pelo poeta “Procuro algo por trás da fachada, mas talvez ele seja verdadeiramente essa fachada’’. O político tende a concordar com a visão especializada própria de Descartes e Bacon. Por enxergar a realidade de forma prática, considera a ideia da cientista utópica. Para ele, sempre existirá desigualdade pois, a dominação é intrínseca à sociedade, cuja função consistiria em somente “dançar conforme a música”. Em suas palavras: “como dizer ás pessoas o que é bom para elas?”

O poeta, nessa disputa argumentativa, quase nunca expõe opiniões, mas interfere colocando ideias de pensadores e artistas influentes, nesse debate; ora como complemento, ora como fomento à discussão. Entretanto, ao final da obra, exalta-se e propõe uma visão de mundo totalmente oposta à dos outros. Reitera – e isso pode ser proposital para a tentativa de tornar o filme imparcial- o relativismo das opiniões das outras personagens, em frases como: “me sinto tão reduzido chamado de sistema, quanto de relógio’’, “a vida não é condensável assim’’, “a vida sente a si mesma’’

Afinal, pela foto proponho uma metaforização das três personagens.

 Um político pragmático feito um cata-vento, movido pelas articulações políticas, “conforme bate o vento’’, e construído juntamente às noções do mundo pós-moderno, individuais e sedentas por vantagens. Uma prova da influência da especialização no mundo atual.

A cientista, faria papel de árvore, na tentativa de conectar-se ao mundo, como ocorre com as árvores, e simplesmente fazer parte de um sistema, um “sistema orgânico”. Interpretando livremente suas palavras: tudo faria parte de uma mudança estrutural contínua, mas sem deixar de seguir alguns padrões. Sua personagem prova a descrença, apresenta-se em um estágio relativista ou metafísico da existência. Considera a existência uma autotranscedência movida pela criatividade. Afinal, procura respostas racionais para suas inquietações provindas do sentimento de culpa, pela inquietação pós desilusão com a ciência aplicada.

E o poeta, remeteria ao pássaro, o precursor da liberdade, pois, durante toda a obra, não expõe opiniões de maneira contundente, afinal ele é o poeta, livre para ir e vir e modificar sua opinião no decorrer da vida. Nada é cobrado dele, é um ser empírico e instintivo como ocorre no desfecho da obra, pela atitude explosiva que apresenta.

Ana Flávia Toller - 1º ano Direito (diurno) - Filme: ''Ponto de mutação''