domingo, 3 de maio de 2015

"Isso é fisica’’ "Não, isso é poesia’’



“Ponto de Mutação’’ é um filme de 1990, dirigido por Bernt Amadeus Capra. A obra nos apresenta personagens peculiares e adeptas a diferente visões de mundo; são três: a cientista, o político e o artista. Essas, mantêm um diálogo durante todo o filme, cada qual exprimindo sua perspectiva sobre os mais diversos acontecimentos e movimentos da vida, ou como se exprime na narração “a dança cósmica de criação e destruição’’.

A cientista, que supostamente deveria simbolizar a crença no método científico e apoiar a filosofia cartesiana, encontra-se desiludida: seu trabalho ao invés de usado para o bem da humanidade, fora subvertido. Portanto, agora permite que a natureza aja sobre ela – mera observadora- deixando de ser aquela que interfere na natureza (cientista). Descrê na vida resumida de modo mecanicista (metáfora das engrenagens de um relógio); ao contrário, ela propõe uma visão holística do mundo, garantindo que tudo o que o compõe esteja conectado. Acredita, então, que o mundo esteja passando por uma crise de percepção: as pessoas deveriam olhar de forma preventiva – e não remediável - para as situações a fim de reduzir prejuízos.

Para refutá-la existe o político, um homem que dentro de seu individualismo, não consegue libertar-se de uma visão superficial dos fatos. É assim descrito pelo poeta “Procuro algo por trás da fachada, mas talvez ele seja verdadeiramente essa fachada’’. O político tende a concordar com a visão especializada própria de Descartes e Bacon. Por enxergar a realidade de forma prática, considera a ideia da cientista utópica. Para ele, sempre existirá desigualdade pois, a dominação é intrínseca à sociedade, cuja função consistiria em somente “dançar conforme a música”. Em suas palavras: “como dizer ás pessoas o que é bom para elas?”

O poeta, nessa disputa argumentativa, quase nunca expõe opiniões, mas interfere colocando ideias de pensadores e artistas influentes, nesse debate; ora como complemento, ora como fomento à discussão. Entretanto, ao final da obra, exalta-se e propõe uma visão de mundo totalmente oposta à dos outros. Reitera – e isso pode ser proposital para a tentativa de tornar o filme imparcial- o relativismo das opiniões das outras personagens, em frases como: “me sinto tão reduzido chamado de sistema, quanto de relógio’’, “a vida não é condensável assim’’, “a vida sente a si mesma’’

Afinal, pela foto proponho uma metaforização das três personagens.

 Um político pragmático feito um cata-vento, movido pelas articulações políticas, “conforme bate o vento’’, e construído juntamente às noções do mundo pós-moderno, individuais e sedentas por vantagens. Uma prova da influência da especialização no mundo atual.

A cientista, faria papel de árvore, na tentativa de conectar-se ao mundo, como ocorre com as árvores, e simplesmente fazer parte de um sistema, um “sistema orgânico”. Interpretando livremente suas palavras: tudo faria parte de uma mudança estrutural contínua, mas sem deixar de seguir alguns padrões. Sua personagem prova a descrença, apresenta-se em um estágio relativista ou metafísico da existência. Considera a existência uma autotranscedência movida pela criatividade. Afinal, procura respostas racionais para suas inquietações provindas do sentimento de culpa, pela inquietação pós desilusão com a ciência aplicada.

E o poeta, remeteria ao pássaro, o precursor da liberdade, pois, durante toda a obra, não expõe opiniões de maneira contundente, afinal ele é o poeta, livre para ir e vir e modificar sua opinião no decorrer da vida. Nada é cobrado dele, é um ser empírico e instintivo como ocorre no desfecho da obra, pela atitude explosiva que apresenta.

Ana Flávia Toller - 1º ano Direito (diurno) - Filme: ''Ponto de mutação''

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