segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Metodologia Valorativa e Relativismos Culturais

               

                
        Em 11 de abril de 2010 passou a vigorar uma lei francesa que proíbe o uso de burcas em ambientes públicos estabelecendo uma multa de até 150 euros para quem infringi-la, sobre o pressuposto de que o papel da lei e do Estado é promover a laicidade e a igualdade de gênero. Posteriormente, em 1 de julho de 2014 essa lei foi validada pela Corte Européia de Direitos Humanos, levando a colisão de dois princípios: da liberdade religiosa e da dignidade humana.
           Se por um lado a burca representa uma vestimenta feminina cuja função se destina a atender a crença religiosa, de forma que todo o rosto todo é coberto, deixando visível apenas pequena rede na altura dos olhos, em contrapartida, numa perspectiva ocidental a burca é símbolo de opressão feminina, caracterizando uma situação de diminuição da mulher. Sendo assim, o Estado Francês adota uma postura universalista desconsiderando as formas morais escolhidas para a sociedade muçulmana sobre o pretexto de estar atendendo os direitos humanos.
        Segundo a metodologia compreensivista de Weber a análise da sociedade deve ser pautada pela objetividade buscando ver a realidade como ela se apresenta, sendo assim, os juízes de valor não deveriam ser extraídos de maneira nenhuma da análise cientifica, pois eles representam ideias subjetivas da consciência valorativa fazendo com que o indivíduo analise o assunto em questão por meio de uma cosmovisão pessoal. Porém Weber irá lidar com uma das principais dificuldades da sociologia: o fato do cientista social ser concomitante o sujeito e o objeto de seu estudo cientifico, nesse sentido, ele considera a impossibilidade do afastamento completo de valores. Logo, Weber acredita a análise social tem seu ponto de partida subjetivo (tipo ideal), feito a partir interesses do sociólogo, que acarretará em resultados objetivos.
           Dessa forma, a proibição das burcas por parte do Estado francês é decorrência de uma análise valorativa de caráter etnocêntrico, contraria a objetividade de Weber, de maneira que a análise social é pautada a partir de uma cosmovisão ocidental, desconsiderando as peculiaridades e o relativismo de cada cultura, impondo aos muçulmanos uma forma de se portar. Nesse sentido, a a análise de uma prática social toma uma carácter determinista tão criticado por Weber, uma vez que é imposta uma generalidade social, desconsiderando o fato de o objeto histórico, no caso a cultura, ser algo mutável, heterogêneo e dinâmico, de forma que todos os indivíduos são medidos pela mesma régua ocidental.

nome: Beatriz Santos Vieira Palma; Primeiro Ano Direito Diurno  

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