segunda-feira, 20 de julho de 2015

Trabalho e Satisfação

Karl Marx (1818-1883) foi o pensador político mais expressivo da reação antiliberal e do movimento socialista. Suas análises a respeito do nascimento do capitalismo industrial, da formação das novas classes sociais e da nova relação do homem com o trabalho estiveram combinadas com o seu ativismo revolucionário para a união de forças sociais contra a exploração da classe operária. A revolução, para Marx, seria essencial para reconstruir os fundamentos daquela sociedade que reforçava a injustiça social. 

Marx acreditava no trabalho como atividade de satisfação humana. A capacidade de imaginação, a engenhosidade e o esforço do ser humano empregados na transformação da natureza para elaboração de bens que precisavam para si mesmos: habitação, vestuário e alimento. O trabalho, além de prover o sustento humano, seria uma atividade edificante da humanidade e uma forma de interação social. 

Na concepção de Marx, a propriedade privada não seria um mal em si, mas o uso que dela fizessem determinaria a possibilidade de exploração e a consequente manutenção da desigualdade entre classes. A propriedade assinalaria a diferença entre os proprietários e os não proprietários, em face dos meios de produção. Os trabalhadores não possuíam nada além da força de seu próprio trabalho. O capitalismo e a propriedade privada transformaram o trabalho em mercadoria a ser comprada e vendida. Isso anulava o caráter de satisfação do trabalho, implicando na alienação da classe trabalhadora. 

Trabalhadores em fábrica de eletrônicos em Shenzhen, China. (Steve Jurvetson, Creative Commons)

O crescente emprego de máquinas e a divisão do trabalho, despojando o trabalho do operário de seu caráter autônomo, tiram-lhe todo atrativo. O produtor passa a um simples apêndice da máquina e só se requer dele a operação mais simples, mais monótona, mais fácil de aprender. Desse modo, o custo do operário se reduz, quase exclusivamente, aos meios de manutenção que lhe são necessários para viver e perpetuar sua existência. Ora, o preço do trabalho, como de toda mercadoria, é igual ao custo de sua produção. Portanto, à medida que aumenta o caráter enfadonho do trabalho, decrescem os salários”. (MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. O MANIFESTO COMUNISTA)

Para o trabalhador, os bens agora produzidos tornam-se apenas itens, com os quais não tem aquela relação do passado. A atividade do trabalho torna-se separada do trabalhador. Conforme cria mais bens que contribuem para um mundo do qual ele não participa, sua satisfação se esvai e a classe trabalhadora se aliena. Essa situação de alienação ocasionaria outras formas de alienação dos seres humanos em suas atividades na sociedade. Assim, quem dispusesse dos meios de produção também disporia de meios para reforçar as relações materiais dominantes. A exclusão da classe trabalhadora seria inerente à evolução do capitalismo. 

A alienação tornou o trabalho e a relação entre pessoas meios de ganho econômico, ao invés de fins em si mesmo. Para Marx, só com a abolição da propriedade privada essas atividades seriam restauradas ao seu fim justo. 

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