segunda-feira, 6 de julho de 2015

Síntese do Socialismo Científico

Fredrich Engels, em sua obra “Do socialismo utópico ao socialismo científico”, foi o primeiro responsável por criticar os pensadores do socialismo utópico que o antecederam e adotar bases científicas para a corrente ideológica do socialismo. Além disso, o autor explica porque o socialismo deve ser considerado uma ciência, criticando a filosofia ocidental e a dialética de Hegel e, assim, fundamentando solidamente o materialismo dialético como nova maneira de entender historicamente a sociedade.
Sua crítica direta aos pensadores do socialismo utópico dá-se pela crença desses de que seriam verdadeiros “iluminados”, capazes do entendimento da sociedade e de revelar o socialismo para os “menos dotados” de razão. Dessa forma, não as condições históricas, e sim o acaso que opta quem terá a razão pensante, deve elucidar a situação de exploração do proletariado, sem maiores interferências. No entanto, Engels desconstrói essa ideia mostrando que a civilização do capital é – e necessita ser -  global, o que faz com que a produção exacerbada e a competição incontrolável sejam objetos de estudos complexos e profundos. Desses estudos nasce o socialismo não meramente como política, mas essencialmente como ciência.
Além disso, tornar o socialismo uma ciência seria, certamente, a melhor maneira de situá-lo na realidade, como parte integrante dela. Ser parte integrante do todo significa apregoar a dialética, isto é, a concepção do mundo e de ideologias concatenadas e não pré-fixadas. Com isso, Engels está criticando a metafísica e a filosofia como doutrinas que ‘obcecadas pelas árvores, não conseguem ver o bosque’ e reforçando sua ideologia dialética como a mais próxima do mundo prático.
Entretanto, Engels não é propriamente o criador da dialética, ele apenas retoma essa maneira de pensar revivida por Hegel, célebre pensador (idealista) alemão. Hegel afirma que a humanidade está em permanente processo de desenvolvimento, impulsionada por “leis históricas” que determinam inicios e colapsos de um período cultural, trazendo de volta a dialética da filosofia antiga para instrumentalizar a reflexão acerca da história. No entanto, Hegel interpreta a história a partir de ideias que ele constrói com base em determinadas categorias, isto é, continua essencialmente idealista, filosófico, dependente da razão para determinar a realidade das coisas.

Contrariamente a Hegel, Engels - e depois Marx – explica o mundo com base na ordem das causas (fatos), prevalecendo o concreto sobre a ideia, fortificando que são as relações sociais que engendram o Estado Moderno e às quais os indivíduos se mantêm presos. Essa corrente ideológica que privilegia o real e a transformação do concreto vivido em concreto pensando (observar a vida das pessoas subjetivamente, cotidianamente, processar essa realidade em categorias e transformar o que é vivido em ciência) é o materialismo dialético. Sua funcionalidade seria, segundo, Engels, oferecer a capacidade dos indivíduos de interpretar o mundo a partir da noção de totalidade e, com isso, entender que os sujeitos são compostos por diversas relações que remontam toda a sua histórica física e psíquica. Com isso estão formadas as bases do socialismo cientifico.

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