segunda-feira, 6 de julho de 2015

Reflexões diárias de um proletário

Dia após dia, acordo antes do sol nascer,
Dia após dia, desço ao terminal e espero o 137 que sempre demora a sair,
Dia após dia, olho pela janela do ônibus e vejo as mesmas ruas, as mesmas fábricas, shoppings e estradas,
Dia após dia, meu trajeto continua, desço na estação e pego o metro.

Dia após dia, desço na estação XXX e me dirijo a “minha fabrica”, minha firma
Dia após dia, me dirijo a essa firma que chamo de minha, mas seus frutos não chegam a mim
Dia após dia, bato cartão e vou ao meu ponto de trabalho
Dia após dia, me vejo naquele torno mecânico

Repito diversas vezes, mecanicamente os mesmos movimentos
Produzo sempre a mesma peça
Peça,
Apenas uma peça das inúmeras que compõe o produto comercializado pela minha metalúrgica

Não, não minha, apenas a metalúrgica aonde trabalho, onde vendo meu trabalho
A peça que produzo se une a diversas outras que depois formam o produto que esta metalúrgica vende
Não sei quais outras peças compões esse produto
Pensando bem, não sei que produto é esse

Meu salário, imagino, vem do dinheiro que a empresa consegue vendendo esse produto final
Às vezes me pego pensando no valor único da peça que produzo,
Me pergunto se o que ganho corresponde ao que produzo,

Acho que sim,
Assim espero.

Elias Manoel do Nascimento Júnior
1º Direito Diurno
Aula 7 – Do Socialismo Utópico ao Socialismo Cientifico – Friedrich Engels

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