segunda-feira, 6 de julho de 2015

O clarear da visão: descobrindo o bosque

            Ferramenta de reflexão da sociedade atual, o materialismo dialético transcende barreiras geográficas e temporais. Combatendo o misticismo da dialética corrente, onde a compreensão dos fenômenos históricos fundamentava-se em seu caráter idealista, traduz a realidade como síntese de vários movimentos. Supera a filosofia tradicional. Difere concreto vivido de concreto pensado. Garimpa a indagação do verdadeiro.
            Colaboradores intelectuais e políticos, Marx e Engels colocam em foco a contraposição entre a “morte” e a “vida” dos objetos e, principalmente, desaprovam o enfoque dado à rigidez do pensamento. Condenam aqueles que os descrevem como espécie de modelo fixo, sem mudanças nas projeções futuras, obedecendo apenas a essências ideias. Exemplo preponderante é a dialética moral do direito – poucas são as coisas em maior movimento que ela: sua evolução é modelada e orientada pelas forças naturais e sociais ao integrarem-se à totalidade dos objetos observáveis. A tentativa de decifrar e compreender as leis do desenvolvimento excede o campo da imaginação. Têm-se, então, a ciência do real.
A consciência desta dialética trilhou seu caminho até encontrar-se em terras latino-americanas. A “Teoria Marxista da Dependência” foi desenvolvida na década de 1960 por intelectuais fortemente influenciados pelas obras de Karl Marx e Friedrich Engels, na perspectiva de repensar a dinâmica social no continente, transformando-se, posteriormente, na crítica mais consistente aos sistemas autoritários então existentes na época. A formulação teórica dispõe-se a entender os processos responsáveis pela difusão do subdesenvolvimento na periferia do capitalismo mundial.
Opondo-se a quem alegava a inviabilidade do capitalismo em terras “periféricas”, tal teoria apresenta a fórmula do “desenvolvimento do subdesenvolvimento”. Consiste em sustentar que o avanço capitalista ocorreria – com a industrialização na América Latina no centro do capitalismo – no entanto, acentuaria o subdesenvolvimento dessas economias nacionais.    A superação deste estado de inferioridade se daria, assim, pela ruptura com a dependência, diferentemente do que era alegado e defendido pela industrialização e modernização da economia.  
            Não apenas na América Latina em seu período sombrio, marcado pelo desenvolvimento autoritário, o método marxista difundiu-se por todo o globo e faz-se presente até os dias atuais. Uma possível indicação de que o homem, enfim, passara a enxergar o bosque. Ficara de lado sua obcecação pelas árvores?  

Isabelle Elias Franco de Almeida
1˚ ano, direito (noturno) – aula 07

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