domingo, 5 de julho de 2015

Marxfalda

Esse quadrinho do cartunista Quino é apenas um daqueles que apresentam uma abordagem crítica, alicerçada sobretudo no materialismo histórico e sintonizada com a necessidade de superação da sociedade burguesa, materialmente e ideologicamente. Essa personagem, Mafalda, sempre demonstra uma postura crítica em face dos comportamentos tanto da sociedade que a rodeia, quanto, de forma mais específica, de seus amigos, como, por exemplo, de Susanita, que é uma “burguesinha”, egoísta, racista e briguenta, que se preocupa mais com a aparência do que com os problemas do mundo; estando as duas em constantes conflitos. Nesse quadrinho, em especial, Mafalda, diante do diálogo que ouvira entre dois homens mais velhos pautado, basicamente, na descrença na mudança, se mostra preocupada ao pensar na ideia de que quando viesse a envecelher esse espírito de mudança pudesse se esmorecer. Tal como aconteceu com eles. Convida, então, seus amigos Manolito, Miguelito e Felipe a não deixarem que o mesmo aconteça com a geração da qual fazem parte.
        Diante disso, os dois senhores poderiam fazer o papel daqueles socialistas utópicos que enxergam a necessidade de mudança sem, contudo, compreender o momento histórico em que estão vivendo, pois se pautam em um sistema universal e definitivamente plasmado do conhecimento da natureza e da história. Enquanto Mafalda, tendo em vista suas características próprias: a crítica e a observação da realidade em que se encontra, se aproximaria daquilo que Marx e Engels buscaram fazer através de suas pesquisas científicas: analisar a sociedade e as relações engendradas pelo modo de produção. Através da dialética como uma base metodológica sólida e criteriosa para compreender o momento em que eles estão vivendo, a singularidade do capitalismo e os caminhos possíveis para a transformações. Portanto, a suposta “previsão”, base de muitas críticas a Marx, em verdade, é consequência da análise da realidade e de muitos anos de pesquisas.

  Não basta, então, que os antagonismos sejam compreendidos pela razão, é necessário que as condições estejam dadas e essa transformação tenha se transformado em uma necessidade. Mafalda enxerga essa necessidade e se preocupa em vir a se tornar inerte a ela. Por isso o esforço para mundar o mundo, para que esse não a mude primeiro. Ou seja, antes que a mudança ocorra.


Yasmin Commar Curia
Primeiro ano do Direito - Noturno

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