quinta-feira, 2 de julho de 2015

Marx, Engels, a realidade e o materialismo dialético


            Em junho de 2015 a maior montadora de carros do Brasil interrompeu suas atividades. Localizada em Belo Horizonte, MG, a fábrica da Fiat, responsável pela produção de três mil carros por dia parou. Quase 19 mil funcionários foram dispensados e nenhum carro foi montado. O motivo da paralisação total das linhas de montagem? O estoque lotado – o pátio da Fiat estava cheio. A estratégia de reduzir a produção tem se tornado, cada vez mais, uma tendência entre as montadoras por todo o Brasil – fábricas de grandes marcas como Mercedes-Benz, a GM e Volkswagen têm adotado estratégias de redução produtiva.
            A situação descrita acima é mais do que ideal para se discorrer acerca do pensamento de Friedrich Engels, um pensador e teórico alemão que, junto com Karl Marx, fundou o socialismo científico. Em poucas linhas é possível identificar diversas correspondências com a obra de ambos os pensadores.
            Marx foi quem brilhantemente explicou e elucidou o materialismo dialético – ele defendeu a ideia de que o real é dinâmico, e de que tudo é movimento, destacando a importância da evolução e desenvolvimento históricos como fornecedores de material para a fundamentação das mais diversas análises. Seguindo essa linha de pensamento, Engels escreveu sobre o círculo vicioso que envolve as crises capitalistas, algo que se aplica perfeitamente à atual situação das montadoras brasileiras.
Segundo Engels, é visível na história mundial capitalista que nem sempre a produção acompanha o ritmo do consumo e do mercado consumidor. Quando isso ocorre, os mercados ficam saturados, os produtos se acumulam, e o dinheiro – que perpassa todas as relações capitalistas – se converte em um obstáculo. O conflito econômico atinge, nesses períodos, seu ápice. A sociedade capitalista demanda de algum tempo para recuperar-se desses abalos - são necessárias algumas intervenções, até mesmo do Estado - mas a recuperação ocorre. No entanto, levam-se apenas alguns anos ou décadas para que a mesma situação mais uma vez se instaure. Diante de tais constatações é que se propõe a revolução do proletariado.

Observa-se então que a descrição teórica feita por Marx e por Engels, que culminou no materialismo dialético, teve sua fundação no real, na observação da realidade, e não nas ideias simplesmente – tanto isso é verdade que, ainda nos dias atuais, encontram-se correspondências claras às suas teorias na realidade social, seguindo o ciclo descrito por Engels. O capitalismo se estrutura e consolida nas sociedades, e o modo de produção estabelecido determina toda a estrutura social e política nesses casos. Assim, a história se constrói e se reconstrói, modificando-se sempre, sempre em movimento, sempre dinâmica, e sempre seguindo em frente, ainda que oscilando, fruto de determinações históricas muito longas que tendem, cada vez mais, a se consolidar.

Heloísa Ferreira Cintrão
1º ano - Direito Diurno

Nenhum comentário:

Postar um comentário