segunda-feira, 6 de julho de 2015

                                     Tenho,logo existo



  Dentro do corpo social moderno vigora, com o adentrar dos meios de produção capitalistas, a sociedade do consumo. Nela, o desejo de adquirir bens materiais, muitas vezes desnecessários, rege a vida cotidiana dos cidadãos e molda-os para um modo de pensar individualista e provido de desejos líquidos, retirando do homem o bem maior que poderia almejar possuir: a liberdade.
  De fato, o ser humano encontra-se preso aos seus desejos de consumo que jamais podem ser preenchidos verdadeiramente, abdicando de sua liberdade natural para viver de modo individualista, em que trabalha fervorosamente, dando lucro de uma pequena parcela burguesa (através da mais-valia), para comprar objetos que logo serão descartados e que não lhe fariam falta alguma, mas são estes desejados ardentemente devido à imposição do sistema capitalista. Este, ao condicionar o modo de vida da população, retira dela sua liberdade, sendo -quase- impossível recuperá-la. A animação acima demonstra esse fato, já que nela vemos o ser humano que nasce em uma gaiola colocada pelo meio social que condiciona seu comportamento, pensamento e desejos, principalmente quando se trata do ato de consumir. Porém, mesmo quando tenta libertar-se das amarras do capital, seu coração já está aprisionado pelas perversas vontades criadas pelo modo de produção capitalista, impedindo-o de alcançar a plenitude de viver fora das amarras sociais burguesas.
  Segundo Engels, ao explicar o materialismo dialético, o material está relacionado com o social e o psicológico. Assim, o pensador descreve juntamente a Marx, as agruras do método de produção capitalista e propõe uma solução para o individualismo do cidadão e a liquidez de seus desejos: o governo socialista. Este, contudo, não seria utópico como suas versões apresentadas anteriormente, mas sim pautado na realidade. Nele, o proletariado toma em suas mãos o poder do Estado e toma para si os meios de produção, destruindo a si mesmo como proletariado e a diferença de classes como tal e com isso o próprio Estado. Alcança-se, assim, a verdadeira liberdade.
  A sociedade do consumo está baseada, portanto, no individualismo do cidadão e em seus desejos líquidos. Isso destrói a liberdade natural do ser – já que este se encontra agarrado profundamente aos anseios capitalistas – que só pode ser recuperada por meio da instalação de um governo igualitário e libertário, o socialista.

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