sexta-feira, 17 de julho de 2015

A modernidade a favor do operariado?

     “Mas a burguesia não só forjou as armas que trazem a morte para si própria, como também criou os homens que irão empunhar estas armas: a classe trabalhadora moderna, o proletariado”
     “Mas com o desenvolvimento da indústria, o proletariado não só aumenta em número, como torna-se concentrado em massas maiores; sua força cresce e ele sente mais essa força”
     “De tempos em tempos, os trabalhadores vencem, mas só provisoriamente. O verdadeiro fruto de suas batalhas repousa, não no resultado imediato, mas na união cada vez mais abrangente dos trabalhadores. Esta união é favorecida pelos meios de comunicação mais desenvolvidos, criados pela indústria moderna e que colocam os trabalhadores de localidades diferentes em contato uns com os outros”
     “Era somente este contato o necessário para centralizar as numerosas lutas locais, todas do mesmo caráter, em uma luta nacional entre classes. Mas cada luta de classe é uma luta política. E com essa união, para alcançar o que os burgueses da idade média, com suas estradas vicinais, precisaram de séculos, os proletários modernos, graças às estradas de ferro, alcançaram em poucos anos”
     Esses trechos de Marx e Engels, presentes na obra O Manifesto Comunista, expressam bem e ajudam a entender o motivo de tamanha convulsão social e confiança na revolução proletária, ainda no século XIX. Quando falam em união favorecida pelos meios de comunicação, a discussão se torna ainda mais contemporânea, uma vez que as tecnologias de troca de informações à distância estão desenvolvidas de uma forma nunca antes vista.
     Porém, pode-se afirmar que, à medida que essas tecnologias se desenvolvem, a própria classe burguesa ganha cada vez mais capital e, consequentemente, mais poder. Assim, sendo os burgueses os legítimos detentores dos meios de produção, questiona-se a validade e a efetividade da união dos proletários através desses meios comunicativos, considerando-se que esses mesmos meios são controlados, inevitavelmente, pelos burgueses.
     Dessa forma, percebe-se o imenso poder de controle da classe dominante sobre a classe dominada, talvez o maior desde o início da luta de classes, ainda mais quando se considera que a acessibilidade aos meios de comunicação se dá pelo salário, talvez o maior instrumento de controle da burguesia. Enfim, é preciso maior organização das forças de resistência aliada a fortes instituições democráticas, com a finalidade de amenizar essas disparidades diametrais entre os dominantes e os dominados.


Renan Djanikian Cordeiro
1º ano do Direito Noturno

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