sexta-feira, 3 de julho de 2015

A angústia de Drummond e de todo proletariado

“Oh, there ain't no rest for the wicked,
Money don't grow on trees
I got bills to pay,
I got mouths to feed,
There ain't nothing in this world for free.
I know I can't slow down,
I can't hold back,
Though you know, I wish I could.
No there ain't no rest for the wicked,
Until we close our eyes for good”
  
   A letra de Ain’t no rest for the wicked da banda americana Cage the Elephant simboliza de forma sucinta a vida do homem capitalista. Inserido nesse sistema que impulsiona o trabalho e consumismo de modo a ostentar uma vida de imenso acúmulo financeiro, o proletário passa toda a sua vida trabalhando em busca desse “sonho capitalista”.
   Friedrich Engels, em sua obra Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, aborda a temática da vida do homem capitalista e decorre sobre as principais correntes socialistas do século XVII. Ao abordar o socialismo utópico, Engels apresenta os principais teóricos dessa corrente, apresentando Saint-Simon, Fourier e Owen. Estes teóricos afirmavam que o a classe proletária necessitava de ajuda para dar fim a exploração do trabalho, e essa ajuda deveria vir da burguesia. 
   Desse modo, Engels e Marx irão formular um socialismo científico no qual são os trabalhadores que vão realizar a revolução. Assim, os teóricos alemães farão uso de um materialismo dialético para analisar a sociedade, pois essa metodologia seria capaz de compreender a dinâmica social de modo realista, visto que, a história está sempre se transformando. Com isso, há a formação de uma síntese partindo-se de uma tese e uma antítese, como por exemplo, a oposição entre duas classes sintetizando a realidade vivida, a luta de classes. Esta que é tão evidenciada nos estudos de Engels e Marx, perpetua-se até na atualidade, moldado a perspectiva social de uma fase histórica. Todavia, o proletariado dos tempos soviéticos e cubanos parecem não mais existir, cedendo espaço à donos do capitalismo com sede de enriquecimento da mais-valia e principalmente, à pessoas que não acreditam no socialismo.
   Na atualidade pouco se acredita na capacidade dos trabalhadores em assumir o poder para impor a ditadura do proletariado. Parece que a imprensa midiática e outros aparelhos do Estado moldaram a consciência coletiva, alienando a todos. Há a sensação que o individualismo impera e que todos se encontram sozinhos e incapazes de mudar algo na sociedade, como se o socialismo científico tivesse se tornado, de algum modo, uma forma de utopia. Trabalhadores esqueceram-se de que são eles quem comandam a produção e que sem eles o sistema econômico entra em crise. É preciso que, além da vontade, haja ação. É como Carlos Drummond de Andrade escreveu no poema Sentimento do Mundo“Tenho apenas duas mãos/ E o sentimento do mundo”. Esses versos refletem a situação social, como se todos se sentissem impotentes para transformar, apesar de desejarem essa mudança.
  Essa sensação de impotência e descrença advinda do capitalismo torna a todos conformados e angustiados com a situação social vivida, repleta de antagonismos e desigualdades. Portanto, é necessário o materialismo dialético, é preciso dizer que tudo muda e que essa sociedade conformista e desigual irá mudar.
   Em tempos sombrios de aprovação da redução da maioridade penal no Brasil, é preciso acreditar que essa situação vai se alterar, que aqueles prejudicados pelo sistema capitalista vão se impor, vão mostrar o rosto, levantar voz e não serão suprimidos pelo sistema. É necessário que o mundo diminua o ritmo a fim de que haja futuro, pois o indivíduo capitalista, imediatista, prefere transformar a natureza em uma cédula financeira do que preservá-la para o bem geral. Como apresentado na música acima, o homem só visa a obtenção monetária, sendo seu único objetivo.
   Apesar de todo esse massacre e egoísmo que o capitalismo gerou e ainda gera, é preciso acreditar que revolucionários surgirão, que todos, e não somente alguns, serão beneficiados com isso. É preciso que os trabalhadores acreditem nisso novamente; a angústia de Drummond e de todo o proletariado precisa desaparecer. A vida vai melhorar, repetindo com um mantra. A vida vai melhorar.

Lara Costa Andrade – 1º ano de Direito (Diurno)
Introdução à Sociologia - Aula 7

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